20 de dezembro de 2010

Comentário – “Preciosa – Uma História de Esperança”

Clarice Preciosa Jones é uma adolescente obesa, negra, pobre, com péssimo rendimento escolar e está grávida de seu segundo filho, frutos de abusos sexuais cometidos pelo próprio pai da garota. Além disso, ela vive com a mãe desempregada, que não perde uma chance de humilha-la e agredi-la (fisica e verbalmente). Entretanto, mesmo com uma história tão triste e dramática, Preciosa consegue passar uma lição de esperança e superação. 

Dos filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme desse ano, Preciosa foi o longa que mais me emocionou e cativou. A história pode parecer simples, já que  na maior parte do filme, só acompanhamos a protagonista sendo humilhada por sua família, por seus vizinhos, pelos colegas de classe. O clima do filme é triste, pesado e  pode até causar um desconforto na platéia. Nesse sentido, o diretor Lee Daniels merece reconhecimento por tratar uma história tão pesada de maneira natural, sem apelar para o melodrama ou situações açucaradas para tirar lágrimas fáceis do espectador. O filme ganha ainda mais destaque nas cenas que misturam a triste realidade da jovem com seus sonhos, super coloridos. Como quase toda adolescente, Preciosa sonha em ter um namorado bonito, fazer sucesso, ter uma família que a apoia e ser mais magra.


Além disso, o diretor brinca com as cores e iluminação para estabelecer os contrastes da vida da jovem. Dessa forma, o apartamento em que vive com a mãe é pouco iluminado, praticamente sem cores e demonstra a vida sem “cor” e repressiva da protagonista. Já a escola alternativa, onde conhece sua grande mentora, a professora Rain, surge como um local sempre muito organizado e extremamente iluminado, como se fosse a “luz na vida” de Preciosa. Os sonhos de Preciosa também são sempre carregados de cores, estabelecendo uma nítida diferença da realidade monocromática e sem atrativo.

Gabourey Sidibe faz de Preciosa seu primeiro e marcante papel em Hollywood. A atriz, que concorreu diversos prêmios como o Oscar, permanece boa parte do filme sem expressões, como se tivesse perdido a capacidade de demonstrar suas emoções. Além disso, a escola marcará a transformação (até física) que a jovem passará, voltando aos poucos a demonstrar seus sentimentos, que atinge o ápice na única cena em que ela chora. Nas mãos de outra atriz, a personagem poderia cair no melodramático ou na caricatura, coisa que não acontece. Outro destaque do bom elenco é a apresentadora Monique (vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante) que faz da cruel mãe de Precisa, sempre disposta a transformar a vida da jovem em um inferno.  

Fugindo do comum, Preciosa é uma obra corajosa, diferente e com estilo sobre uma personagem que vai perdendo os motivos de viver, mas que encontra na educação e na escola a força para se superar e mudar de vida. Apesar de não ser facilmente encontrada em todas as locadoras (eu achei em algumas e outras não tem), Preciosa merece ser conferido.

8 de dezembro de 2010

O Domínio da Disney

Branca de Neve e os Sete Anões foi o primeiro longa metragem de animação da história e marcou o estilo e domínio da Disney nas produções de animações por décadas. O poder “disnéico” é tão grande que transformou histórias clássicas da literatura infantil, como Cinderela e A Bela Adormecida em desenhos inesquecíveis e que se tornaram referências por gerações. 

Branca de Neve, Cinderela, Bambi, Dumbo, Mogli e A Bela Adormecida foram as animações “clássicas” do período em que Walt Disney comandava as produções das animações. Essas animações estabeleceram o padrão disney: histórias clássicas, pesonagens carismáticos, muitas músicas, vilões inesquecíveis e histórias que sempre trazem uma lição de moral sobre família, amizade e amor.

Depois da morte do criador do Mickey, as grandes animações deram uma pausa e só voltariam  a ter relevância  com A Pequena Sereia.  A animação da sereia ruiva iniciaria uma “época de ouro”, em bilheteria e crítica, nas animações da empresa, que lançaria em sequência  A Bela e Fera (única animação tradicional que concorreu ao Oscar de Melhor Filme), Aladdin e O Rei Leão
 
Com a vontade de concorrer novamente ao Oscar de Melhor Filme, a Disney muda o rumo de suas animações e aposta em histórias mais dramáticas e próximas da realidade, como Pocahontas (com um dos finais mais tristes da história da Disney) e o gótico O Corcunda de Notre Dame, que contava até com temas polêmicos como desejos reprimidos e perseguição religiosa. Depois de tanta seriedade (e queda nas bilheterias)  a Disney apostou novamente em histórias clássicas com novas roupagens, como Tarzan, Mulan e Hércules.

Nos Anos 00, depois do avanço da animação digital e o crescimento da Pixar, as animações tradicionais desse período estão longe de se tornarem clássicos e perdem a preferência da criançada e não conquistaram boas bilheterias ou críticas, como Atlantis, Planeta do Tesouro e Nem que a Vaca Tussa. Lilo & Stich é o único filme desse período que merece destaque. Na tentativa de voltar ao sucesso do passado, a empresa começa a apostar em animações digitais como Selvagem e A Família do Futuro e abandona as animações tradicionais por um período.

A Princesa e Sapo marcaria o retorno da empresa para a animação tradicional e a primeira protagonista negra da Disney. Os próximos lançamentos da empresa prometem seguir a antiga fórmula de adaptar uma história clássica com Enrolados uma nova versão da clássica história de Rapuzel, a jovem que é trancada em uma torre e joga suas tranças para ser salva.

23 de novembro de 2010

Comentário - Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias de Vanessa da Mata


Vanessa da Mata passou do anonimato para cantora popular nos últimos anos. Com um visual marcante o sucesso de músicas como “Não me Deixe Só”, “Ai, ai, ai”, “Boa Sorte” e “Amado”, a cantora parecia uma verdadeira máquina de lançar hits e temas de novelas. Mas Vanessa é mais do que isso, na verdade, ela é a cantora mais famosa da nova safra de talentos da MPB, composta por cantoras delicadas, expressivas e com estilo. O novo CD da cantora, que saiu sem muito alarde, revela que Vanessa é uma compositora e cantora que merece ser ouvida. 

Depois do bem sucedido álbum “Sim” (de onde saíram seus principais sucessos), a cantora emendou um cd/dvd ao vivo que registrava os maiores sucessos de sua carreira. O novo CD, lançado recentemente, “Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias” saiu meio de repente, pegando de surpresa até os fãs da cantora que esperavam material novo só no ano que vem. Apesar de aparentemente emendar um trabalho em outro, a cantora se mostra atenta aos detalhes e procura colocar seu estilo em todos os seus projetos.

É necessário esclarecer: Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias é diferente de Sim, que era bem mais “radiofônico”. Se fossemos compará-lo com outro trabalho da artista, ele lembra mais o “Essa Boneca tem Manual”. Na primeira audição, o cd pode até soar um pouco estranho, sem nenhum “hit” de fácil identificação. Ponto para Vanessa, que preferiu não repetir a fórmula e ousar um pouco mais. A verdade é que cantora mistura um pouco de tudo, estilos musicais variados e letras que vão da descrição de um bolo até críticas ao consumismo.No caldeirão de Vanessa há um pouco de tudo, mas não chega a ser uma bagunça musical.

Entre os destaques do novo CD estão “Fiu, Fiu”, divertida música sobre uma mulher que “engravidou em seus quadris” e ainda assim consegue levar cantadas “baratas” quando passa de construções. Há também a ótima “Bolsa de Grife” que faz uma reflexão sobre o consumismo como forma de escapismo, comportamento tão típico em nossa sociedade. “As Palavras” e “Te Amo” são as mais calmas e românticas, assim como “O tal Casal” a primeira música de trabalho do cd, que já está tocando nas rádios.  

Ouvir Vanessa da Mata é deliciar suas letras, que são quase confissões de uma amiga íntima, retatos do cotidiano. A cantora mistura as raízes com as antenas, criando um estilo que é regional e global ao mesmo tempo. Em suas letras, temos a nítida visão da mulher atual, que vive brigando com a balança, que leva cantada de pedreiros, vive relacionamentos sem muita definição, compra produtos de grife para se sentir melhor e não perde a delicadeza e feminilidade.

24 de outubro de 2010

Comentário - Shakira volta a origem em "Sale El Sol"

Depois da recepção morna do seu último álbum “She Wolf”, que dividiu a opinião até dos fãs, Shakira apresenta seu novo CD “Sale El Sol”, que ao contrário dos últimos lançamentos da cantora, é cantado em grande parte em espanhol. A cantora colombiana que conquistou o mundo com músicas como “Estoy Aqui”, “Whenever, Whenever” e “Hips Don’t Lie”, faz um verdadeiro retorno as “raízes” com este novo trabalho.
Esse “retorno”, entrentanto, não soa como falta de criatividade, mas como uma nova etapa da carreira da cantora e uma tentativa de recuperar o a sonoridade de seus primeiros álbuns, como “Dónde Están Los Ladrones?” e "Pies Descalzos". Já na primeira  faixa “Sale El Sol” e em “Antes de las seis”, a sonoridade nos remete diretamente as canções do ínicio da carreira da colombiana, com suas baladinhas romanticas em espanhol. 

Até mesmo o visual dessa nova “fase” está diferente das últimas produções de Shakira. Se em She Wolf ela personificou uma mulher fatal e apostava em um visual provocante em seus clipes e apresentações, nesse novo projeto, a cantora está bem mais natural e espontânea, com um visual mais simples, mas nem por isso menos bonita e interessante. 

Shakira muda seu visual de "Loba" para "Loca"
Como era de se esperar, Shakira também dá destaque as músicas mais agitadas e dançantes: temos o primeiro single “Loca” (música que inicialmente pode soar estranha, mas que rapidamente gruda na mente), a interessante Gordita e Rabiosa, uma das melhores do CD. Até Waka Waka, música que ficou conhecida na Copa do Mundo, aparece no álbum em duas versões: uma inglês e outra em espanhol. O cd só perde um pouco do brilho no meio para o fim, que soa um pouco repetitivo e sem grandes destaque, com algumas exceções.

Shakira sempre procurou trazer inovações e misturas de sonoridades em suas músicas. Seja misturando os ritmos latinos com sons orientais, ou cantando em inglês, Shakira transborda sua mistura de influências. nesse novo projeto “Sale El Sol”, além de um retorno a suas origens e um reencontro com os antingos fãs, marca um momento de  amadurecimento da carreira da colombiana.      

Sandman - O Mestre dos Sonhos

O relançamento de Sandman (Sandman – Edição Definitiva Vol I) de Neil Gaiman, é uma ótima oportunidade para começar a acompanhar as histórias do “Mestre dos Sonhos”. Diferente de grande parte dos quadrinhos, Sandman apresenta um texto repleto de citações literárias, lendas e mitos, além da originalidade do escritor britânico que ficou mais conhecido com seus livros Coraline e Stardust (ambos já viraram bons filmes). 

As diferenças com outras histórias em quadrinho começam com o próprio protagonista da trama: Sonho é um dos perpétuos, seres antigos que acompanharam a criação dos mundos, muito mais poderosos que deuses. Ele controla reino do Sonhar, lugar onde  os adormecidos sonham, e tem o poder de criar pesadelos ou bons sonhos. Nesta primeira parte da história, Sandman é raptado por uma seita e fica preso por décadas. Quando finalmente escapa, ele descobre que seu reino está praticamente destruído e que terá que resgatar seus artefatos místicos poderosos para conseguir controlar  novamente o Sonhar.

Diferentes de outras histórias em quadrinho, em Sandman não existem vilões bem definidos, como o Coringa do Batman. O mestre do sonho também não salva o mundo (na verdade, em algumas histórias ele mal aparece ou é só citado) e não há uma mocinha indefesa para ser resgatada. Sandman também não é de falar muito e parece estar sempre mal-humorado e triste. Apesar disso, a série chama a atenção com as histórias interessantes e inovadoras, que apresentam personagens fantásticos, reeleituras de mitos e algumas passagens um tanto bizarras. Também somos apresentados a interessante família dos perpétuos que inclue a Morte (uma jovem punk carismática), a andrógena Desejo, a asquerosa Desespero e o sério Destino.

Sandman tornou-se um clássico dos quadrinhos, e confirma a habilidade de Gaiman em criar personagens aparentemente diferentes, mas extremente cativantes, complexos e interessantes A revista também ajudou a acabar com a ideia de que histórias em quadrinhos e literatura adulta jamais podem estar relacionados.
Leia Sandman e tenha bons sonhos...  

15 de outubro de 2010

Katy Perry mostra seus “sonhos de adolescente” em novo CD

Katy Perry fez sucesso ao lançar uma música sobre beijar outras garotas. A cantora parecia uma pin-up moderna, com malícia e inocência na medida certa. Depois de I Kissed a Girl, ela ainda lançou outros sucessos como Hot N’ Cold e Waking Up In Vegas, todas de seu CD One Of The Boys. Muitos apostaram que a cantora não manteria o sucesso com o segundo CD depois da fama... Se fosse uma prova, Katy tiraria 10.
Teenage Dream - novo CD de Katy Perry

Teenage Dream” é o novo CD da cantora americana que começou sua carreira cantando em igrejas. California Gurls, o primeiro single do álbum, dominou as paradas musicais por um bom tempo e ainda está tocando nas rádios brasileiras. Katy já está gravando o clipe do terceiro single, Firework, uma música sobre a necessidade de persistir e brilhar, como “fogos de artifício”.

Diferente do que alguns afirmam, Katy Perry não é a versão americana de Lily Allen, que é muito mais ácida e crítica. Katy tem uma qualidade falta em metade das novas cantoras pop: ela não se leva muito a sério. Seu humor espontâneo, muitas vezes repleto de duplo sentido, é um diferencial em suas apresentações, músicas e clipes, como no colorido clipe de California Gurls: quem mais ficaria nua em uma nuvem de algodão doce, com uma peruca roxa, enquanto canta que as garotas californianas são inesquecíveis? 

Esse CD mostra que Katy já começa a trilhar seu próprio caminho e que tem estilo suficiente para não soar como mais uma Lady Gaga. De maneira geral, Teenage Dream segue a linha do disco anterior, com músicas animadas e divertidas sobre questões da atualidade. Peacock é uma divertida música de duplo sentido, no estilo de I Kissed a Girl, e tem tudo para se tornar um grande sucesso. Outros destaques são E.T (uma das melhores músicas do CD, com um clima futurista) e a bela Pearl, sobre uma mulher que perdeu seu “brilho”.

Katy faz sucesso porque consegue transmitir sentimentos e situações que muitos jovens vivem atualmente. Em suas músicas, ela quer beijar uma garota, tem um namorado metrossexual que usa mais maquiagem do que ela, é indecisa e ainda tem tempo para se divertir com os amigos e depois ainda faz piada sobre tudo. Linda, divertida e boa cantora, Katy Perry merece realizar todos os seus "sonhos de adolescente".

Fotos - Manifestação pelo MIS de Campinas

Uma reportagem do Correio Popular divulgou que o Palácio dos Azulejos pode ser transformado em um espaço de recepções do poder executivo e o MIS seria transferido de local. O Museu de Imagem e Som de Campinas tem o objetivo de preservar e difundir a produção audiovisual de Campinas e região. No dia 25 de Setembro, o "Ato Cultural" chamou a atenção de quem passava pela Rua 13 de Maio, no Centro de Campinas. O  “Ato” arrecadou assinaturas para que o museu permaneça no Palácio dos Azulejos, sua sede há quatorze anos.

Os manifestantes começaram as atividades na Estação Cultura e desceram a 13 de Maio, uma das principais rua de comércio campineiro, distribuindo panfletos e estimulando a assinatura do abaixo-assinado. Para chamar a atenção da população, a manifestação contou com faixas, cartazes e até a apresentação de um grupo de maracatu.

3 de agosto de 2010

Comentário - Alice no País das Maravilhas

Depois do sucesso nos cinemas, Alice no País das Maravilhas do diretor Tim Burton, chega em DVD e Blu-Ray. O filme apresentava os elementos perfeitos para o diretor, conhecido por lidar com universos fantásticos como em A Fantástica Fábrica de Chocolates, entretanto, apesar do sucesso, Alice dividiu opiniões até mesmo dos fãs do diretor e da história clássica da menina perdida em uma terra encantada. É bem provável que as exigências da Disney tenham restingindo algumas extravagâncias do diretor, porém, alguns elementos tão comuns em suas obras, como os personagens excêntricos e o visual rebuscado estão presentes neste filme.
Alice No País das Maravilhas é um filme sobre o fim da infância e o amadurecimento, através de provações e novas responsabilidades. O filme dá prosseguimento a tradicional história da menina que cai em um buraco e acorda em um mundo fantástico, repleto de personagens bizarros e ao mesmo tempo encantadores, portanto, conhecer a história original torna este filme bem mais interessante, apesar de não ser extritamente necessário. Logo Alice, agora adolescente, descobre que terá que lutar para libertar o País das Maravilhas do controle da cruel Rainha Vermelha.

O Mundo das Maravilhas é uma versão alternativa da própria realidade da jovem, com personagens e situações correspondentes, como as irmãs gêmeas e os irmãos Tweedley-Dee e Tweedley-Dum, ou a  "sogra" de Alice com a Rainha Vermelha, além disso, o pedido de casamento no mundo real corresponde a responsabilidade de lutar contra o dragão. Através do mundo das fantasias,  Alice pode refletir sobre sua identidade e enfrentar seus dilemas. Desta forma, em ambos os mundos, Alice deverá fazer escolhas difíceis e assumir a responsabilidade de seus atos perante a sociedade, seus amigos e família.
O País das Maravilhas é uma alteração da realidade de Alice
Outro aspecto importante do filme é a disputa da tirânica Rainha Vermelha com a delicada Rainha Branca. Com uma cabeça enorme e odiada por seus súditos, a Rainha Vermelha (em outra brilhante atuação da esposa do diretor, Helena Bohan Carter) sofre por não ser admirada, utilizando a tirania como a única forma de ser respeitada. Por baixo da aparente crueldade da rainha, na verdade, há uma pessoa amargurada e que foi traída diversas vezes, até por seus súditos mais próximos. Por outro lado, a Rainha Branca (Anne Hathaway), uma típica princesa da Diney, aparentemente indefesa e adorada pelos habitantes do País das Maravilhas, revela através de falas e sutis ações, que pode não ser tão inocente ou íntegra como imaginam. Pode-se até imaginar que Tim Burton, através da Rainha Branca e seu reino intacto, criou uma crítica à sociedade das aparências e ao eterno politicamente correto, que esconde falsidades e hipocrisias.  
A disputa entre as Rainha
O visual do filme segue o estilo de Burton, com figurinos e maquiagem impecáveis, além dos incríveis cenários (quase que totalmente criados digitalmente) que vão do colorido excessivo, até momentos quase monocromáticos como os castelos da Rainha Vermelha e da Rainha Branca, passando por elementos góticos. Os efeitos especiais e trilha sonora não deixam a desejar, como era de se esperar em uma produção da Disney. 
Mia Wasikowska está bem no papel de Alice, uma personagem difícil, uma vez que não apresenta uma característica marcante ou habilidade especial. Desta forma, os personagens coadjuvantes, como o misterioso gato ou o Chapeleiro, acabam roubando a atenção do espectador quando aparecem com a apagada Alice. Depp está novamente irreconhecível, mas não chega a ser brilhante em sua concepção do Chapeleiro, que ganhou maior destaque na trama e na divulgação do filme.  

Fãs do diretor reclamaram que faltou osadia no roteiro, que preferiu apostar em uma aventura divertida nos padrões da Disney, ao invés de explorar o conceito e personagens do mundo das maravilhas. De certa forma, o próprio desenho da Disney mostrou melhor a bizarrice do ambiente e dos personagens. Apesar das críticas, Alice no País das Maravilhas é um filme divertido, que está longe de ser uma obra-prima do diretor ou um filme perfeito, mas que merece ser conferido, nem que seja para descobrir qual a semelhença entre um corvo e uma escravaninha.

26 de julho de 2010

Os Quadrinhos no Cinema

Parece que virou regra em Hollywood adaptar histórias em quadrinhos em filmes recheados de efeitos especiais e com grandes bilheterias. Só neste ano, por exemplo, tivemos Homem de Ferro II, com Robert Downey Jr. Entrentanto, por muito tempo, as histórias em quadrinhos pareciam impossíveis de serem adaptadas com fidelidade e qualidade para as telonas, com alguns raros casos de sucesso.

Heróis populares nos gibis já vivaram filmes

Superman, um dos heróis mais populares dos gibis, rendeu uma série filmes que colocaram Christopher Reeve na história do cinema e fizeram sucesso em sua época. Batman, de Tim Burton, foi outra adaptação que teve êxito nas bilheterias mundiais. Parecia que com o sucesso do filme do homem morcego, e suas posteriores continuações, os heróis mascarados estavam prontos para invadir as telonas de uma vez por todas. Entretanto, os anos 80/90 seriam marcados por heróis mais anabolizados e sem fantasias, com a hegemonia de Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone nos filmes de ação. Com o fracasso de Batman e Robin, que enterrou a carreira no cinema do morcegão por alguns anos, os filmes baseados em histórias em quadrinhos pareciam incapazes de gerar boas séries cinematográficas.

Blade, o caçador de vampiros, um herói secundário da Marvel, mostrou que heróis mascarados poderiam agradar as platéias do século XXI. O primeiro filme dos X-Men, dirigido por Bryan Singer, seria o teste definitivo para a sobrevivência do gênero nos cinemas. Inicialmente, Bryan causou a fúria dos fãs quando trocou os uniformes coloridos e os roteiros repletos de personagens, por uma abordagem mais realista, com uma trama baseada no preconceito e no conflito racial. Com o sucesso de X-Men (e suas duas continuações), o caminho estava aberto para o filme de um dos heróis mais populares da Marvel: o Homem Aranha. O longa de Sam Raimi apresentava um roteiro fiel as origens do personagem, efeitos de última geração e um personagem conhecido no mundo inteiro, garantindo o sucesso da série do cabeça de teia.
 
Desde 2000, dezenas de adaptações foram lançandas, desde heróis populares como Batman (repaginado com uma abordagem mais realista), Hulk, Quarteto Fantástico, Homem de Ferro e Superman, até personagens mais desconhecidos como A Liga Extraordinária, Hellboy, Demolidor e Constantine. Nesta onda de adaptações, até séries mais alternativas e não tão conhecidas do grande público, como Watchmen (cultuada obra de Alan Moore), V de Vingança, 300 e Sin City, já tiveram sua versão nas telonas. Porém, isso não significa que todos os filmes estrelados por heróis tenham sido bem-sucedidos, seja na bilheteria ou crítica, como nos casos de Elektra, O Justiceiro e no terrível Mulher Gato.
Até personagens não tão conhecidos ganharam filmes
Heróis de quadrinhos despertam o interesse dos estúdios por se tratarem de personagens já conhecidos pelo grande público, com um apelo em diversas faixas estárias. Aparentemente, a fórmula está longe de se esgotar com filmes como Thor, Homem Aranha e X-men sendo produzidos. O projeto mais ousado é Os Vingadores, que juntará os heróis da Marvel em uma aventura. De impossíveis, as adaptações de quadrinhos transformaram-se na nova mina de ouro de Hollywood. Aparentemente, os heróis mascarados não salvam mais só pessoas indefesas, mas também as bilheterias dos cinemas no mundo inteiro.

23 de julho de 2010

Segunda Edição TOD@S - Jornal LGBT

Nesta segunda edição de TOD@S, pretendíamos abordar assuntos que não tiveram tanto destaque na primeira edição, inserindo matérias ligadas à cultura, moda, atualidades e comportamento. Afinal, falar sobre homossexualidade não é  ficar apenas debatento sobre o preconceito.
Nesta edição abordamos a pouca participação dos bissexuais nos movimentos LGBT e o aparente "modismo" da bissexualidade. Também acompanhamos a transformação de uma Drag Queen, com um show realizado em Campinas. O debate sobre a origem da homossexualidade também ganha destaque nas páginas deste jornal produzido pelos alunos de Jornalismo da Puc-Campinas com a orientação do professor Wanderley Garcia.  

Veja  a segunda edição de TOD@S neste LINK

TOD@S não é impresso, tendo apenas sua versão digital para divulgação.
Se gostou, divulge! Só poderemos fazer a diferença com sua ajuda!

15 de julho de 2010

Comentário Dogville de Lars Von Trier

Dogville é uma pequena cidade nas Rock Mountains, EUA. Neste pacato local, todos os moradores  vivem suas vidas sem grandes mudanças ou novidades. A tranqüilidade da cidade , entretanto, é abalada quando Grace (Nicole Kidman) pede para se esconder de perigosos gangsteres. Os moradores oferecem esconderijo por duas semanas, contanto que ela fizesse pequenas funções e trabalhos considerados inutéis pela comunidade. Aos poucos, os moradores passam a depender tanto de Grace que a tratam como uma escrava. O que no começo parecia uma cidade hospitaleira, transforma-se em uma verdadeira prisão para a moça, que vira algo de acusações, humilhações públicas, abusos sexuais e agressões física.

Em Dogville, as pessoas podem não ser o que parecem
Dogville, lançado em 2003, foi produzido como a primeira parte de uma trilogia que o diretor dinamarquês Lars Von Trier criou sobre os Estados Unidos. O diretor foi um dos criadores do radical movimento Dogma 95, no qual os filmes deveriam ser os mais realistas possíveis. Lars gera polêmica com suas obras, que abordam temas e situações delicadas, como no recente Anticristo (2009) que mostra multilações em closes escatológicos. Desta maneira, Dogville não é diferente das outras obras do diretor, que sempre procura mostrar a natureza cruel e mesquinha do ser humano.

O cenário de Doville é o grande atrativo deste filme: tudo que se vê é um enorme tablado com demarcações brancas no chão determinando os espaços, como “casa do Tom”, "jardim". No filme há apenas alguns objetos em cena, como cadeiras, camas e mesas. Essa falta de cenário, que pode até causar um certo incomodo inicial no expectador, oferece uma concepção única ao filme, já que podemos acompanhar o que cada morador da pacata está fazendo em quase todas as cenas, principalmente nos momentos mais tensos. Desta forma, o filme passa a impressão que estamos presenciando uma éspecie (bizarra) de reality show, em que os moradores são os participantes.

Para o sucesso deste projeto era necessário bons atores, que não colocassem a perder a sensação de que aquele lugar é realmente uma cidade. O elenco, que inclue Lauren Bacall, Paul Bettany e Stellan Skarsgard, oferece ótimas atuações, demonstrando sintonia entre eles, como se fosse vizinhos há décadas. O destaque é Nicole Kidman como a delicada Grace. A atriz, ganhadora do Oscar por As Horas, vive uma personagem que sofre diversos abusos e é explorada por todos da cidade e, ainda assim, parece manter sua ingenuidade e acreditar realmente na bondade do ser humano. Para ela, as pessoas só agem com crueldade porque vivem em condições díficeis e, portanto, merecem ser perdoadas. Nas mãos de uma atriz inesperiente, Grace seria uma personagem tola. Com Nicole, ela ganha status de heróina.

Dogville é bem diferente dos blockbusters americanos: quase não há trilha sonora, a duração é longa (mais de 170 minutos) e os elementos diferentes da produção, afastam os expectadores que querem um filme só para se divertir ou passar o tempo. A segunda parte da “trilogia” sobre os Estados Unidos, Manderlay, foi lançada em 2005 com Bryce Dallas Howard no papel de Grace, substituindo Nicole. A história continua a trajetória da personagem pelos Estados Unidos, entretanto, a sequencia não tem o impacto de Dogville, por diversos elementos, como um elenco diferente e uma história menos envolvente.

Com um final surpreendente e arrebatador, Dogville é uma obra única, que propõe debates sobre a forma que as pessoas abusam da força para tirarem proveito das outras, uma tentativa de mostrar o quanto o ser humano pode transitar do amor ao ódio, do acerto ao erro através de suas ações. Dogville pode estar mais perto do que imaginamos...

5 de julho de 2010

O Mago de Fernando Morais

Para compreender plenamente uma obra, é necessário conhecer a história, influências e contexto de seu criador. Desta forma, a biografia do escritor Paulo Coelho, O Mago do jornalista Fernando Morais (lançado em 2008), oferece uma oportunidade para fãs ou delatores, de conhecer diversos detalhes da vida do escritor brasileiro que se transformou em um verdadeiro fenômeno de vendas no mundo inteiro.

Adorado pelos fãs e odiado pela crítica, Paulo Coelho sempre sonhou em ser um escritor famoso, mesmo quando fazia trabalhos em outras áreas, como a parceria musical com o roqueiro Raul Seixas. Com acesso aos diários que Paulo manteve por grande parte da vida e com depoimentos de dezenas de pessoas que participaram da vida do escritor, Morais narra a tragetória de Paulo de forma cronológia, desta forma, acompanha-se a infância (um péssimo aluno), a rebeldia da adolescência, a internação em clínicas psiquiátricas, o envolvimento com o teatro, as experiências como jornalista, a inclusão em uma seita satânica, a amizade com Raul Seixas, os diversos amores, a iniciação na magia e finalmente, o sucesso internacional como escritor.

Na tentativa de oferecer um panorama abrangente e completo sobre Paulo Coelho, Fernando Morais, autor de outras biografias como Olga e Chatô, criou um livro que não procura colocar o escritor como um herói, mas uma pessoa repleta de defeitos, manias, com momentos de covardia e até falta de caráter, como inventar matérias para um jornal ou se apropriar de textos de outros autores. Também fica evidente a obsessão de ser um escritor famoso.

O embate constante entre o Mago e a crítica também ganha destaque na obra. Neste quesito, Morais parece estar do lado de Paulo, já que chega a comparar os comentários da crítica brasileira, que sempre coloca as obras do escritor como livros de auto-ajuda sem valor literário, com os inúmeros elogios que a imprensa internacional faz de suas obras.

Livros de Paulo Coelho: sucessos de vendas
Apesar de bem escrito e com bom ritmo, há muitos detalhes desnecessários que acabam “travando” a história. A descrição minuciosa de Morais, ao mesmo tempo que ajuda na contextualização, acaba soando cansativa e sem utilidade em alguns momentos, principalmente nas descrições das viagens e romances que o autor teve ao longo da vida. Além disso, muitos livros do escritor, como O Diário de um Mago e As Valkírias, já relatam momentos da vida do autor, que poderiam ser menos detalhados na biografia “oficial”.

Assunto frequente nos livros de Paulo Coelho, a luta por um sonho é o tema central de O Mago, que de maneira geral, vale a pena ser lido por se tratar da biografia do autor brasileiro que tornou-se uma celebridade internacional, amado por milhares de fãs e sem o apoio da crítica brasileira.

30 de junho de 2010

Comentário - Bionic de Christina Aguilera

No acirrado cenário da música pop, sempre em busca de novidades e polêmicas, Christina Aguilera teve que lutar duro para mostrar seu talento. No começo da carreira ela era diretamente comparada a colega Britney Spears, que sempre foi mais popular, apesar de não ser a melhor nem mais talentosa das cantoras. Atualmente, depois de mais de 10 anos de carreira, Aguilera é alvo de novas comparações, desta vez com a performática Lady Gaga.
A cantora de sucessos como Fighter e Beautiful, não lançava um disco de inéditas desde de Back to Basics (lançado em 2006), cd que utilizava sonoridade do jazz e do soul, inspirado na década de 30. As primeira informações deste novo projeto, Bionic (ou Bi-on-ic), revelava uma estética futurística e uma sonoridade mais atual e dançante. O problema é que Lady Gaga surgiu como um furacão nesses últimos anos, utilizando exatamente uma estética futurística aliada com uma sonoridade dançante. Quando Bionic foi divulgado, as comparações foram inevitáveis, principalmente depois do lançamento do clipe de Not Myself Tonight.

O cd apresenta uma boa produção e atenção aos detalhes, característica dos álbuns da cantora, como o belo encarte. Bionic está, de certa forma, dividido em duas partes: uma mais “dançante”, que soa sem muita energia ou inovações (excessão de Bionic e Elastic Love), e as baladinhas românticas, área em que a cantora destaca-se. Neste cd, quando tenta soar moderna e popular, Christina perde seu diferencial, soando como qualquer música da Jovem Pan. Desta maneira, Lift Me Up, You Lost Me (próximo single) e All I Need são os melhores momentos do cd, nos quais Aguilera pode explorar com maior liberdade sua poderosa voz. Aguilera, que sempre chamou atenção pela voz potente, prova que continua cantando muito melhor que grande parte das cantoras pops da atualidade (incluindo a onipresente Lady Gaga).

Bionic era comemorado como o retorno de Aguilera aos holofotes, entrentanto, já está sendo considerado um fracasso comercial. O primeiro single, Not Myself Tonight não emplacou nas paradas de sucesso, nem depois do videoclipe que mostrava a cantora em poses sensuais e cenas de bissexualidade. O CD também não foi um estrondo de vendas, quebrando o recorde do CD que mais caiu nas vendas no Reino Unido, depois de estreiar em primeiro lugar. Espera-se que as novas músicas de divulgação funcionem e alavanquem as vendas.

A sensação que fica é que se tivesse sido lançado no ano passado, Bionic teria causado maior impacto. Apesar da boa produção, talento, boas músicas e uma bela voz, Aguilera terá que continuar a lutar para conquistar seu espaço definitivo no cenário pop e acabar com uma vez por todas com as comparações.

28 de junho de 2010

Ensaio Fotográfico/ Indaiatuba

Indaiatuba é uma cidade situada na região de Campinas, próxima ao aeroporto de Viracopos. Reconhecida pelo alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a cidade ganhou espaço na mídia pela qualidade de vida. Com a esperança de melhores oportunidades, a cidade recebeu nas últimas décadas cerca de cem mil pessoas vindas, principalmente,  de grandes centros urbanos.

A ideia deste ensaio era apresentar minha visão de Indaiatuba, revelar suas características mais marcantes e algumas curiosidades. Busquei mostrar a economia, o turismo, o modo de vida e a preocupação com o meio ambiente.

Visualize o ensaio completo no link

22 de junho de 2010

Do Luxo ao Lixo - Parte II (Ações do Estado)

O Brasil é um país de extremos: enquanto alguns compram casas, roupas e carros caríssimos, outros vivem em situações sub-humanas.

É função do governo oferecer melhorias para os trabalhadores (como leis trabalhistas e determinação do salário mínimo) e gerar maiores investimentos e empregos e, conseqüentemente, melhorar a situação econômica do país. É função do Estado oferecer condições básicas de vida aos cidadãos, como transporte, infra-estrutura, saúde e educação. De certa maneira, esses investimentos em infra-estrutura funcionam como uma distribuição de renda, uma vez que favorecem a grande parte da população.

O crescimento econômico é outro fator que deve ser levado em conta no caso da desigualdade social. "É preciso ter crescimento econômico para reduzir esses problemas. Mas só crescimento econômico não basta. É preciso crescer com igualdade e inclusão social para melhorar as condições de vida da população" afirmou Marcio Pochmann a Folha de São Paulo.

O QUE PODE SER FEITO?

Definir uma solução definitiva para a desigualdade social parece algo muito difícil já que nunca conseguimos atingir uma sociedade totalmente igualitária (nem mesmo as tentativas socialistas atingiram plenamente esse objetivo), mas algumas coisas podem ser feitas para que o capitalismo possa fica mais “humanizado” e igualitário.

Ações sociais como o Bolsa Família representam uma relativa melhoria na condição de vida da população, porém, não resolvem a causa do problema e funcionam como medidas paliativas. Enquanto não forem oferecidas oportunidades de estudo e emprego aos brasileiros, dificilmente essa situação será revertida.

Apesar das adversidades, o sonho de enriquecer (tão freqüente no capitalismo) está presente em grande parte das pessoas. Acompanhamos casos de pessoas que saem da total pobreza e tornam-se grandes personalidades, estes casos se tornam exemplos e mostram que no capitalismo existem meios de se mudar de situação. Quantos meninos sonham em trilhar uma carreira de jogador de futebol para ter a fama e dinheiro de seus ídolos, e as milhares de meninas que sacrificam seus estudos por uma chance de ser a nova top-model brasileira.

No capitalismo vale tudo para poder comprar aquela bolsa Chanel de meio milhão de reais.

Bibliografia:
- SINGER, P. Aprender economia. Ed Contexto (2002).
- SCHMIDT Mario. Nova Historia Critica. Ed Nova Geração (2002).
- Jornais: Estado de São Paulo e Folha de São Paulo