17 de fevereiro de 2010

Comentário - Nine


Nine era aguardado como possível favorito ao Oscar deste ano, já que seu elenco famoso e a direção de Rob Marshall (diretor de Chicago e Memórias de Uma Gueixa) geraram grandes expectativas desde o início do projeto. O filme, entretanto, foi recebido com duras críticas e não foi bem nas bilheterias. Com toda a repercussão negativa, o filme acabou fora das principais categorias do Oscar, recebendo 4 indicações.

Não que o filme seja ruim, pelo contrário, ele é bom. O principal problema foi que parte das críticas compararam Nine diretamente com a obra 8 ½ de Fellini, na qual o filme é apenas inspirado. Ao longo de Nine, vemos várias homenagens ao filme de Fellini e ao estilo do diretor italiano que é considerado um gênio do cinema.

O filme conta a história de um diretor de cinema que entra em uma verdadeira crise existencial quando tenta gravar seu próximo filme. Guido sai em busca das mulheres de sua vida em busca de inspiração e orientação. Dessa forma, conhecemos sua mãe (Sophia Loren), sua amante (Penélope Cruz), a prostitua Saraghina (a cantora Fergie), sua musa (Nicole Kidman), sua fã (Kate Hudson), sua melhor amiga (Judi Dench) e sua esposa (Marion Cotillard).

O elenco estrelar, como era de se esperar, oferece ótimas atuações, com o destaque merecido a Marion Cotillard, Penélope Cruz e Daniel Day-Lewis. A atriz francesa, que concorreu ao Globo de Ouro desse ano, faz Luisa, a esposa do protagonista que sofre com a pouca atenção recebida e com as conquistas amorosas do marido. Nas mãos de outra atriz, o papel cairia no melodramático, enquanto Marion aposta na delicadeza. Penélope também está ótima, com um papel sensual e divertido. Daniel dispensa comentários, já que o ator praticamente se transforma em cada papel que vive.

Dos números musicais, Be Italian (com uma coreografia muito bonita com areia e pandeiros) e Cinema Italiano são os momentos mais animados e marcantes. A bela Unsual Way, uma das melhores músicas do musical cantada por Nicole Kidman, ficou prejudicada com a edição “recortada”, que tirou parte da emoção e impacto que a cena teria. Outro aspecto que merece destaque é a direção de arte e figurinos que como em todo filme de Rob Marshall, são bem detalhados e eficientes na caracterização de cada personagem. Dessa forma, Luisa está sempre discreta, enquanto Cláudia (a musa de Guido) sempre surge radiante e glamurosa A direção de Rob também parece mais ousada e segura do que em Chicago.

O maior problema é que o filme oferece a conclusão dos problemas de forma rápida e dá a sensação de que ficou faltando um melhor desenvolvimento de algumas partes e de alguns personagens. Além disso, Nine pode ser um pouco confuso se não prestar atenção no paralelo “realidade X imaginação” que o filme propõe.

Nine não é um daqueles filmes que agradam a maioria das pessoas. As reações costumam ser bem extremas, no estilo “ame ou odeie”. Para os amantes de musicais, Nine é uma boa escolha, principalmente por seus belos números musicais e pelas ótimas atuações de todo o elenco.

Be Italian!

titulo original: (Nine)
lançamento: 2009 (EUA)
direção: Rob Marshall

3 de fevereiro de 2010

Comentário - AVATAR de James Cameron

Antes de falar sobre o novo filme de James Cameron, acredito que seja necessário contar um pouco sobre as minhas expectativas com este ambicioso projeto.

Quando fui assistir Titanic com meu avô, eu tinha nove anos e posso garantir que fiquei muito impressionado com o longa de Cameron. Mais do que impressionado, eu fiquei fascinado com o filme, que virou mania naquele ano e se tornou um campeão de bilheteria e arrebatou diversos prêmios. Depois disso, assisti todos os outros filmes do diretor e fiquei esperando o próximo projeto do "Rei do Mundo".

Depois de mais de uma década, as notícias sobre o novo projeto do diretor começaram a surgir com uma promessa: revolucionar o cinema (tanto na produção quanto na exibição). No ínicio, acreditei que esse falatório era apenas uma campanha de marketing para promover o longa, mas aos poucos, lendo os vários comentários e acompanhando as notícias que surgiam, acreditei que estaríamos diante de um marco na história do cinema.

Assistir Avatar em 3D foi, realmente, uma experiência única. Não que o filme seja perfeito, o roteiro é o ponto mais fraco: previsível e cheio de frases e situações clichês. Mas isso é apenas um detalhe diante da grandiosidade de “Pandora”, o planeta em que se passa a história de um militar tetraplégico que busca superação através de um avatar alienígena. Há também o conflito entre os nativos (gigantes azulados chamados Navis) e os homens (principalmente os militares) que querem explorar as riquezas minerais do planeta, mesmo que isso signifique a existinção da natureza local. No meio dessa história, há o romance “proibido”entre a princesa Navi e o militar, no melhor estilo “Pocahontas”.

Os efeitos do filme são realmente impressionantes e revolucionários. Cada ser vivo de Pandora é tão “vivo” (desculpem a falta de um termo melhor) que parece ser possível que tudo aquilo exista. Pode parecer exagero, mas em Avatar é difícil definir o que é realidade e o que foi criado digitalmente, tamanho o cuidado com os detalhes do diretor (que passou anos criando seu planeta com a ajuda de especialistas de diversas áreas). Os navis movem-se com extrema elegância e são expressivos, diferente de grande parte dos seres digitais que vemos no cinema. Nesse quesito, a atuação dos atores também merece ser destacada.

Obviamente, assistir ao filme em 3D é muito melhor, uma vez que o filme foi projetado para ser exibido dessa forma. O 3D possibilita uma maior integração com filme, faz com que o público se sinta dentro da história e possa deslumbrar os cenários belíssimos do filme e os diversos detalhes, como os insetos e flores de Pandora. Se tiver a possibilidade de assistir em 3D, não perca a chance, afinal, não é sempre que podemos acompanhar um filme tão diferente e comentado. O filme está sendo um enorme sucesso na bilheteria e abocanhando diversos prêmios, assim como Titanic.


Avatar de James Cameron.
Duração: 2hrs 46 min
Distribuidora:20th Century Fox Film Corporation
Com: Sigourney Weaver, Michele Rodriguez, Zoe Saldana, Sam Worthington