10 de dezembro de 2012

Crítica - MDNA tour/Madonna (São Paulo 04/12/2012)



Em 2008 houve uma comoção para ver Madonna no Brasil: a venda de ingressos foi um tumulto, a chegada da estrela foi A sensação da mídia e a cantora ainda engatou o namoro com Jesus Luz, para delírio dos sites sensacionalistas. Para muitos, aquela seria, talvez, a única oportunidade de assistir a lenda do pop ao vivo, com a recordista e colorida turnê Stick & Sweet. Quatro anos depois, Madonna volta à São Paulo, com sua MDNA Tour, divulgando o novo álbum de inéditas homônimo. Se por um lado há menos histeria, por outro, a artista compensou seus súditos na terça-feira (4/12) com um show ainda mais teatral e que questiona os limites entre música, arte visual e cinema, transformando tudo em um verdadeiro musical impactante.

A Madonna que se apresentou em São Paulo dessa vez era bem diferente de 2008, assim como o show pouco lembrava as cores, puladas de corda e danças animadas da turnê anterior. Há mais trevas do que luz na nova turnê da loira, que revela-se uma releitura (potencializada) de vários momentos marcantes de Madonna no palco, com uma roupagem moderna e tão espetacular que ainda destaca-se e soa original. Se há quem critique as músicas e os novos álbuns de Madonna, no palco qualquer crítica pode ser questionada. Ela nunca foi uma brilhante dançarina, nem canta impecavelmente (em alguns momentos, prefere dublar os refrões para não desafinar), mas no quesito de performance e domínio de palco, ainda não há ninguém como ela. Você pode nem conhecer as músicas que tocaram, mas ficará com as imagens delas grudadas em sua mente: a bandida sexy do começo, a baliza que celebra a juventude e a musa da moda que posa para lentes imaginárias enquanto canta seu hino Vogue.

Madonna ensaiando no Morumbi
O diferencial da artista, entretanto, não é apenas o cuidado quase obsessivo com que cuida de seus shows, nem da tecnologia de última geração que permeia todo o espetáculo. Além de toda estrutura e recursos, há uma mensagem forte em cada um dos blocos. Nada está no palco para ser apenas um enfeite ou perfumaria, mas ajuda a contar uma história. Os gigantescos telões não servem apenas para transmissão de imagens coloridas ou frases, como em outros shows, mas são indispensáveis para criar um cenário e até reflexões que expandem o conceito das próprias músicas. Madonna é mestre na arte de casar músicas com imagens impactantes e aposta nessa combinação em grande parte do show. Nesse contexto, até o setlist é importante para ajudar a entender a jornada que Madonna propõe com MDNA. Se por lado ela abriu mão de clássicos-agita-estádio como Music, La Isla Bonita, Boderline ou Ray of Light, por outro ela conseguiu recuperar clássicos que andavam esquecidos em seu repertório, como Open Your Heart, Justify My Love e Papa Don’t Preach, além de apresentar músicas que nem foram singles ou grandes sucessos comerciais como Candy Shop, Nobody Knows Me e Human Nature. Uma ousadia que alguns artistas veteranos não teriam coragem.

O ensaio já mostrou um pouco do que veríamos. Pouco depois das 22h, a nave de uma igreja gótica é projetada, monges entoam um cântico gregoriano enquanto as gárgulas se posicionam no palco. Trovões, raios e a resposta do público. A evocação tem seu objetivo concretizado e surge um oratório carregando uma figura que reza nas sombras pela redenção dos pecados. Se na turnê anterior Madonna surgia como uma rainha devassa em seu trono estilizado, agora ela está interessada em algo ainda maior: ser um objeto de adoração, uma santa com manto e coroa, pronta para ser reverenciada. Não demora muito para ela se livrar desse “disfarce” e nos apresentar o primeiro personagem da noite: a assassina de preto, inspirada no filme Faster, Pussycat Kill Kill!, clássico trash referência de Tarantino. Os monges também retiram o manto e Girl Gone Wild é apresentada de maneira épica, com uma coreografia de tirar o fôlego na igreja em chamas e a comoção do público em perceber que o mito de Madonna é real e está ali, tão perto e tão longe, dentro de sua própria fantasia. O clima desse começo é pesado, com a sequência Revolver, música pouco conhecida da coletânia Celebration. O grupo de bandidas deixa a cantora sozinha no palco, para o auge da teatralidade e um dos momentos mais divertidos do show: Gang Bang, encenada em um cenário fuleiro de um quarto de motel. Em uma coreografia que simula lutas e assassinatos, Madonna ri enquanto canta “agora estamos no caminho do inferno e eu tenho muitos amigos por lá” e o sangue escorre no telão. Se nos filmes a Madonna atriz sempre foi um fracasso, nos palcos e clipes a cantora parece convincente nos papeis que interpreta, nesse caso, algum filme B.

Os primeiros trechos do sucesso Papa Don’t Preach são cantados e o público tem seu primeiro momento de comoção e não só de impacto. Mas, nessa turnê, a música não é mais uma queixa da menina grávida que enfrenta o pai, mas um pedido de ajuda, um clamor por perdão. Carregada por mascarados, Madonna atravessa as labaredas do inferno, se equilibrando no skaylaider enquanto Hung Up é tocada em uma versão bem diferente: time goes by, so slowly quando se equilibra para não cair. A cantora consegue superar essa provação e está novamente na igreja do começo do show, onde canta I Don’t Give A sozinha com guitarra, acompanhada pela freira Nicki Minaj nos telões. Quando a rapper avisa que só existe uma rainha, o público aplaude, enquanto Madonna é elevada por uma plataforma até a cruz de sangue. A mensagem é clara: apesar dos pecados e provações, Madonna conseguiu atingir seu objetivo e ascende aos céus, sendo reverenciada como Rainha. O primeiro interlúdio é com Best Friend, música que lamenta o fim do casamento com o diretor Guy Ritchie, expurgando de vez a frustração pelo fim do relacionamento.

Madonna celebra a juventude e música pop no segundo bloco
O segundo bloco tem início: o público ainda está com as imagens de sangue, cruzes e armas do segmento anterior na cabeça, quando as cores invadem o show, no momento mais animado da turnê. No mundo de Madonnna, entretanto, nem mesmo a diversão é inocente: no meio de tantas cores, a Rainha do Pop alfineta as novatas. Muitos nem percebem que enquanto a cantora, vestida de baliza de fanfarra (e não de líder de torcida como alguns jornais colocam), dança e canta, nos telões são exibidos ‘monstrinhos’ que comem enlatados com a imagem de Madonna. A crítica fica ainda mais evidente quando Madonna começa os versos de Born This Way mesclados com Express Yourself e prova que as músicas, realmente, são muito parecidas. A avaliação da veterana vem com uma frase de reprovação: “She’s not Me”, repete. A lavação de roupa suja continua com a próxima música, a deliciosa Give Me All Your LUV, primeiro single de MDNA e que continha uma crítica velada à música pop atual. Esse é um dos momentos mais incríveis, animados e impecáveis do show, com Minaj e M.I.A nos telões, líderes de torcida e bateristas flutuando sobre a platéia. O momento ‘auto-celebração” continua e temos uma pequena introdução com vários sucessos de Madonna que bombaram nas rádios, até que Turn Up the Radio começa em uma performance um tanto parada, mas que a cantora torna empolgante com muito esforço. Nesse momento, atingir as notas mais altas torna-se complicado e Madonna prefere desafinar que perder a empolgação. O momento acústico começa com Open Your Heart completamente transformada, de pop pegajoso à dança tribal com o trio Kalakan. Importante lembrar como Madonna sempre cedeu espaço em seu palco para novidades como Gogol Bordello, LMFAO, M.I.A, a trupe cigana da turnê anterior e até PSY, que demonstra sua vontade em dialogar com as novidades da música, principalmente do segmento ‘não-pop’. Com uma performance bonita, um arranjo mais latino e bons vocais, a vencedora do Globo de Ouro de Melhor Canção, Masterpiece, encerra o bloco.

Uma risada rompe a noite paulistana, nos telões, Madonna encarna seu sonho erótico em ‘tons de cinza’ enquanto foge de mascarados ao som de sua polêmica Justify My Love. Com inspiração no cinema clássico, o interlúdio marca a temática do próximo bloco: a celebração da moda, sexualidade, androgenia e liberdade de expressão. Vogue retorna às origens com o desfile de moda, flashes, coreografia com muitas poses e uma releitura do icônico sutiã cônico que Gaultier fez para ela na escandalosa Blond Ambition. Madonna paga a cafetina e entra no bordel decadente onde Candy Shop aparece em uma versão remodelada, misturada com Erotica. A platéia, que possivelmente nem reconheceu a música, só se anima nos momentos em que a cantora dança com o namorado, na parte mais sensual do show. A próxima música não poderia ser melhor que o “hino pessoal” de Madonna, Human Nature, que a cantora fez para rebater as críticas na época em que tirar roupas no palco era algo incomum. Entre espelhos, Madonna faz seu strip calculado, arrancando gritos da platéia a cada peça de roupa que cai. “Não me arrependo, é a natureza humana”, ela repete como se tentasse explicar a bela lingerie que está vestindo e o corpo ainda firme que exibe. Sabendo o quanto é bela e dona do palco, Madonna vira e sua bunda aparece em um close no telão. A plateia parece surpresa quando ela sai de cena sem cantar Like a Virgin, um dos momentos mais esperados do show. No palco, o video do último bloco começa antes que alguém questione a falta da canção mais famosa de Madonna.

A festa de encerramento com Celebration
No lugar de outras cantoras que fazem discursos demorados sobre preconceito e autoaceitação, Madonna prefere protestar por imagens. Nobody Knows Me, música do polêmico American Life, é exibido nos telões no “video-protesto” dessa turnê e nos lembra uma aparente contradição: muitos falam de preconceito, mas se esquecem que a própria Madonna sofre críticas pela idade. O clima pesado começa a mudar com os primeiros acordes de I’m Addicted, uma das melhores músicas do último álbum, que ao vivo ganha ainda mais força, apesar da performance um tanto confusa com Joana D’ark, artes marciais e meditação. Destaque para a iluminação, que deixa claro que poucas cantoras atualmente teriam um palco e equipamentos dessa magnititude. I'm a Sinner, entoa Madonna enquanto somos levados em uma viagem de trem pela Índia e todo o misticismo. O efeito visual nessa música é incrível e o palco da cantora parece um transformer, com diversas saídas, plataformas e telões. No fim, um mashup com Cyberaga (novamente com o trio Kalakan, que conseguem ter uma participação efetiva ao longo do show), anúncia o objetivo desse bloco: a elevação e encontro com a espiritualidade. Like a Prayer, hino máximo de Madonna, vira um coro gospel com todos os fãs cantando juntos. Lá está Madonna, cantando sua oração profana e se transformando, ela mesma, no objeto de adoração capaz de gerar uma catarse coletiva. O estádio está tão harmonia que não percebe que estamos na reta final do espetáculo (já??). Restam apenas as formas geométricas que parecem saídas de Tron. A cantora volta, pela última vez, com a apresentação do remix de Give it 2Me e Celebration em uma versão poderosa e animada, que fará o público sair do espetáculo convencido de que tudo foi uma grande festa, uma celebração da música pop e que, infelizmente, Madonna ainda consegue ser melhor no palco que qualquer outro artista da música pop atual. Ela parece realmente feliz nesse finalzinho, cantando e dançando sem se preocupar tanto com a atuação ou com os olhares de superioridade que mantém por todo espetáculo. Nesse hora, ela é a mulher sem idade, se divertindo e curtindo o momento, sem se preocupar com as críticas ou mesmo com a técnica. Celebration chega ao fim e Madonna se despede, feliz.

Para quem foi esperando ver Madonna cantar Holiday com roupas dos anos 80, o show pode ter sido uma grande decepção. A nova turnê de Madonna não tem o objetivo de fazer dançar ou cantar, mas ser impactado, seja pelos incríveis vídeos, as coreografias que desafiam a gravidade ou a própria Madonna, que consegue estar mais bonita e interessante que há quatro anos atrás. Agora resta a dúvida quais serão os próximos passos da veterana, o que ela está planejando para os próximos álbuns e turnês já que ainda estamos acostumados a esperar o melhor dela. Se seguir a cartilha de MDNA, podemos esperar shows cada vez mais teatrais e que demonstram que só há uma Rainha.


14 de novembro de 2012

Comentário: Lady Gaga em São Paulo (11-11-2012)


Depois de muita polêmica sobre o “fracasso de vendas”, os ânimos pareceram se acalmar e, pouco a pouco, o estádio do Morumbi se encheu para assistir ao primeiro show de Lady Gaga na capital paulista nesse domingo, 11 de novembro. Apesar das anunciadas 50 mil pessoas, a pista normal parecia bem tranquila e o público bem variado: little monsters vestidos com roupas do bizarro mundo de Gaga, “caça-shows” com fotos para Instagram, casal de namorados mais tradicionais e muitos grupos de amigos que foram curtir, sem nenhuma expectativa. As críticas do Rio de Janeiro já anunciavam que o espetáculo seguia a cartilha das turnês pop, com boa produção e entretenimento de primeira linha.

Ouve-se um barulho na platéia e logo surge Lady Starlight mascarada dançando. Sua performance, entretanto, pouco agrada ao público e ela sai carregada do palco, depois de beber meia garrafa de uísque na “”performance””. As primeiras gotas de chuva caem no show de abertura do The Darkness, que conseguiu animar, apesar da curta duração do show. Alguns veículos noticiaram que o público da pista VIP chegou a vaiar e chamar por Gaga durante a apresentação, mas a sensação foi que a maiora das pessoas curtiram.

Quase às 21h, o estádio finalmente tem a visão do castelo medieval onde Gaga irá apresentar sua Born This Way Ball. O público se manifesta de verdade quando a cantora, montada em um cavalo cenográfico (surpreendentemente realístico) e cercada por bandeiras começa a cantar os primeiros trechos de Highway Unicorn/Road to Love. A rápida introdução é precedida por uma projeção com a cabeça, a “mãe alienígena”, que avisa que Lady Gaga é uma fugitiva e que a operação ‘mate a vadia’ terá início. Esse é o ponto de partida da trama que conduz o show, uma mistura de dominação alienígena, renascimento, novas gerações e muitos discursos de auto ajuda. Com um figurino inspirado no filme Alien e ainda mascarada, Gaga canta Government Hooker enquanto simula sexo com um dançarino, que depois é executado no fim do número.


A próxima música, Born This Way, é a primeira a agitar os fãs, que cantam cada trecho em alto e bsom. No palco, um dos momentos mais divulgados do show: com uma vagina inflável gigante, a cantora simula o parto de uma nova geração. O que soa um tanto ridículo, ao vivo ficou até simpático e, pela primeira vez, podemos ver o rosto de Gaga descoberto. Apesar de cantar com bases pré-gravadas (especialmente os refrões das músicas que exigem mais fôlego ou dança), a cantora faz questão de tentar animar o público e evita o playback o quanto pode. Enquanto simula seu próprio parto, Gaga também falou pela primeira vez sobre a relação com o Brasil: “Vocês são o futuro!”, gritou. O discurso emocionado sobre a recepção brasileira continuaria por todo o show, em alguns momentos até atrapalhando o andamento das músicas e deixando o clima um pouco cansativo. A cantora não perdia uma oportunidade de dizer o quanto estava surpresa com os brasileiros e como tinha se identificado profundamente com nosso povo e cultura. “Você são os fãs mais apaixonados”, disse ao explicar que também gosta de demonstrar as emoções, mas que não era compreendida em outros lugares do mundo.

Black Jesus/Amen Fashion começa a tocar e poucos parecem conhecer a faixa que faz parte da versão especial do último álbum, a coreografia interessante, entretanto, consegue contornar o problema. Nesse momento, fica óbvio que a cantora prefere deixar os passos mais difíceis para os dançarinos, acompanhando os refrões ou até deixando o palco para que eles brilhem. O clima muda, com muita fumaça e uma iluminação mais baixa: em Bloody Mary o longo vestido branco faz a cantora “flutuar” pela passarela enquanto celebra um “Jesus Cristo Brasileiro”. Um ovo similar ao que ela usou no Grammy do ano passado entra no palco e Gaga sai com uma “roupa-armadura” e máscara. As troca de roupas são rápidas, entre uma música e outra, mas, pela primeira vez, o figurino parece atrapalhar sua movimentação no palco. Bad Romance começa a tocar e o público novamente se empolga e canta junto o refrão do hit.

No alto da torre para onde foi carregada, Gaga pede “mãos para o alto” e emenda uma versão mais curtinha do segundo single de Born This Way, Judas. Não há referências religiosas ou nada que possa chocar na performance, que acaba sendo um pouco apressada e esquecível. Nesse aspecto, a cantora parece se afastar muito da tradição de Madonna e prefere não impactar o público, apenas entretê-lo. Fashion of His Love também é cantada rapidamente, enquanto alguns dos figurinos mais conhecidos da cantora passam em cabides. É um momento mais despretensioso e colorido do show, que termina com Just Dance, que novamente anima o público em geral. “Nunca esquecerei quando me disseram que essa música estava em primeiro lugar no Brasil”, diz. Love Game começa e muitos nem sabem onde Gaga está, já que ainda olham para o castelo. Na ponta da passarela, a cantora canta em uma “banheira-taça” com uma roupa ‘estátua da liberdade’. Aqui, a trama inicial dos alienígenas já está praticamente esquecida, mas o importante é que Telephone, sucesso com a participação de Beyoncé, está tocando!

Um bloco com estética rock tem início, com a cantora transformada em uma motocicleta, como na capa (horrível) do cd. A performance de Heavy Metal Lover é um tanto parada, mesmo com uma dançarina seminua pilotando a moto-Gaga. Bad Kids mantém esse clima de pouca interação, até que Gaga senta-se nas escadas para receber os presentes dos fãs. Emocionada, lê em voz alta uma cartinha quando acertam um dos presentes em sua cabeça. O público ensaia uma vaia para quem jogou, mas Gaga acalma os ânimos: “Estou bem, ok?”, diz rapidamente. Ao sentar-se ao piano com três fãs ao lado, Gaga diz mais uma vez o quanto está feliz em fazer esse show e é interrompida pelos little monsters que estão no palco, “sim, eu sou real”, ela responde a menina que não parava de chorar e abraça-la. Nesse momento, as interrupções começam a soar cansativas, principalmente para quem não é tão fã de Gaga. Na arquibancada, muito se sentaram. “Eu não sabia, mas escrevi essa música pensando nesse momento”, diz ao começar Hair, no momento acústico do show. Na escola Mariah Carrey, Gaga prolonga as notas e canta visivelmente emocionada uma música sobre... o cabelo (?).


A primeira surpresa da noite veio as primeiras notas de Princess Die, baladinha que poderá estar no novo álbum de Gaga, um pedido dos fãs. Os little monsters gritam por The Queen, música quase desconhecida e que nunca tinha sido cantada ao vivo pela cantora (uma das minhas preferidas). Gaga tira sarro com a situação e insinua que os fãs brasileiros só disseram amá-la só para pedir músicas ou fotos. No improviso, Gaga começa a cantar e, nesse momento, a letra nunca pareceu tão apropriada: “Eu posso ser a rainha que há dentro de mim/ é minha chance de mostrar isso/.../posso ser a rainha que você precisa de mim”, diz a canção. Se em outros shows da turnê Gaga parecia frágil, insegura ou até mesmo pouco inspirada, nesse momento ela está empenhada em mostrar aos fãs que poderá ser mais que uma cantora pop qualquer. You & I começa e o público novamente se empolga com a balada à Shania Twain, mas leva um balde de água fria com a performance chata de Eletric Chapel, apesar da iluminação colorida do castelo.

Entramos no último bloco do show, com uma introdução longa de Americano, uma das canções mais divertidas do último trabalho. Com uma roupa de carne e pendurada entre peças de açougue, a cantora canta e faz uma coreografia que beira o ridiculo, mas consegue divertir. Poker Face e Alejandro seguem a mesma linha, com recriação dos passos e roupas dos clipes, entre moedores de carne, sutiãs de armas e dançarinos apenas de sunga. “Aqui Born This Way Ball é real!”, ela diz quase no fim do show. Paparazzi é cantando em grande parte pela “mãe alienígena” do começo do show, que finalmente é destruída por Gaga, que dança em Sheibe para celebrar seu novo “território”, livre de preconceitos ou tristezas e marca a saída de Gaga do palco. Muitos já estavam saindo do estádio quando a cantora voltou para The Edge of Glory (cantada em coro pelo estádio) e o final com Marry the Night, último single lançado, que contou com a presença de vários fãs no palco.

No fim, little monsters e pessoas que foram apenas para conferir a “cantora louca” ao vivo, comentavam como Gaga tinha sido simpática durante todo o espetáculo. No fundo, Gaga é mais fofa do que bizarra. Apesar de tudo, a sensação é que a turnê anterior era ainda mais divertida, justamente por não ser tão pretensiosa. Além disso, a sequência de algumas músicas esfriavam muito os ânimos, aliado aos discursos frequentes que atrapalharam o andamento até das músicas. No quesito produção, tanto o cenário, trama e figurinos podem parecer um tanto cafonas nas fotos, mas ao vivo combinam com o estilo da cantora.

Alguns críticos comentaram a falta de ousadia e renovação em alguns momentos. É inegável que tanto as coreografias quanto os arranjos pouco mudaram desde 2008, com repetição até de figurinos em alguns casos. Não que seja indispensável reinventar-se toda vez, Michael Jackson, por exemplo, tinha orgulho de dançar e cantar da mesma maneira em todas as turnês, mas para artista que sempre levantou a bandeira da renovação, soa um pouco estranho mesmo. Além disso, qualquer comparação com Madonna termina ao ver Lady Gaga ao vivo: são propostas muito distintas de músicas, shows e posturas. Os fãs de Gaga querem uma amiga enquanto os de Madonna querem um ícone.

Gaga brilha quando faz o que sabe de melhor: cantar e entreter. Os melhores momentos foram, justamente, aqueles em que ela deixou de lado o personagem, as preocupações com as coreografias ou os discursos clichês e se divertiu de verdade. Foi bacana ver uma artista se esforçando para compensar os “ingressos caros” (como ela mesmo frisou) e com vontade de que todos estivessem aproveitando aquele momento. Para os próximos projetos, Gaga poderia levar essa lição: menos preocupação e mais diversão! Agora é esperar ArtPop e relembrar esse show que pode ter modificado, quem sabe, os rumos da carreira de Gaga e de muitos fãs que tiveram por algumas horas o contato com seu objeto de adoração.

8 de novembro de 2012

Lady Gaga no Brasil - Fracasso de uma Estrela?




(antes de qualquer coisa, me considero fã de Lady Gaga, daqueles que compraram cds, dvd e ingresso na pré-venda...)

Nessa semana, Lady Gaga está em destaque na mídia brasileira e nas redes sociais pelo alardeado fracasso de venda dos shows no Brasil. O que antes era anunciado como “o show do ano”, se transformou em uma piada difundida. De um lado, os haters que zoaram a promoção de ingressos, concursos e sorteios que praticamente distribuíram convites para tentar reverter a situação. Do outro, os little monsters, fãs aficionados pela cantora que contavam vantagem antes do tempo e agora procuram argumentos para entender ou justificar a realidade.

Tamanha polêmica tem explicação: muitos esperavam ansiosamente pelo momento em que Gaga estaria na pior. Não só os fãs de outras cantoras, que tiveram que ouvir nos últimos anos que só Lady Gaga prestava, mas a própria mídia. Afinal, uma celebridade internacional em uma situação ruim vende e gera muito mais debate que uma estrela em ascensão. Quem não se lembra do cerco da imprensa em torno dos colapsos de Britney Spears, Amy Winehouse e Lindsay Lohan? O monstro da fama cobra seu preço e Lady Gaga terá que lidar com isso, cada vez mais.

– A mãe dos Monstros


O que  mudou desde 2008? Como uma cantora que parecia ter tudo nas mãos agora se tornou motivo de chacota? De peruca platinada, laço de cabelo e um óculos de sol, Gaga chamou atenção do público e da crítica ao oferecer uma sonoridade e estética diferente do que estava dominando as paradas em 2008. Nas rádios e premiações, só se ouviam os batidões do hip-hop de Timbaland e Justin Timberlake. O “pop-dance” de Lady Gaga soava moderno e, ao mesmo tempo, estranhamente familiar, com um resgate simpático das músicas dançantes de décadas passadas. Com um visual e proposta diferente, a cantora não demorou para se tornar a “aposta musical” daquele ano.

Com Just Dance e Poker Face nas baladas, a figura de Lady se tornou cada vez mais famosa. Nos clipes de Love Game e Paparazzi, Stefani mostrou que desejava mais que apenas diversão: queria causar polêmicas, influenciar gerações e aproximar a música do cinema, moda e artes visuais. Foi nessa época em que a cantora começou a estreitar relações com os grandes estilistas e grifes, com o importante apoio da Haus of Gaga: um coletivo de artistas, estilistas e produtores que ajudavam a cantora a estar sempre um passo a frente das tendências e conseguir surpreender a cada aparição. Com o relançamento de The Fame, Gaga conquistaria de vez o público com o sucesso de Bad Romance e Telephone. Suas polêmicas eram aplaudidas pelos entusiastas da música pop, fashionistas e até por outros músicos. Nesse contexto, as outras cantoras tiveram que correr atrás do prejuízo e “Gagalizar”: Rihanna, Katy Perry, Beyoncé e Nicki Minaj foram algumas das que tentaram (algumas com sucesso, outras não), adotar um pouco da proposta que Gaga apresentava para a música.

Até aqui, Gaga parecia entender plenamente o funcionamento da música pop, na qual não basta cantar bem ou ter a melhor música, mas é indispensável ter uma imagem forte o suficiente para gravar no inconsciente coletivo. Além disso, com as lições de David Bowie e Madonna, a cantora percebeu que o público deseja ser surpreendido constantemente e que o debate e críticas podem te deixar ainda mais famoso.


Com o clipe Alejandro, entretanto, as coisas começaram a desandar. Até então, o bizarro de Gaga era divertido e fashion, mas no clipe, a polêmica religiosa soava forçada. Com o sucesso da turnê The Monster Ball e vários prêmios, porém, Gaga conseguiu criar o barulho necessário para o próximo projeto, o “hino de uma geração”, Born This Way. A pretensão e expectativa acabou com outra polêmica: a comparação com Express Yourself e a famosa briga com Madonna. Visualmente, o exagero se tornou cansativo e um tanto sombrio, com alienígenas, sereias e pitadas de polêmicas religiosas. O álbum, que dividiu opiniões entre fãs e críticos, trazia uma mensagem de autoaceitação forte e uma pretensiosa mensagem de superação. Dessa forma, já convencida de que era a “Mãe dos Monstros”, Gaga atraiu uma base de fãs que precisavam dessa mensagem e se refugiaram cada vez mais em comunidade particulares, como a rede social que a cantora lançou para os fãs. Todo o humor e inovação dos trabalhos anteriores deram lugar ao egocentrismo e repetição de clichês.

- Fatores Externos


Chegamos em 2012 e esse é o cenário em que Lady Gaga se encontra: com a popularidade em baixa e com o apoio apenas dos monsters. Além disso, a estratégia de passar um ano divulgando o álbum e só sair em turnê depois, deixou a imagem de Gaga um tanto desgastada: muitos nem se recordam que o último single da cantora foi Marry the Night e os clipes dessa era foram os mais fracos da carreira da artista. E, apesar de ter vendido bem no Brasil, Born This Way está longe de ter sido o mesmo sucesso dos trabalhos anteriores, especialmente comparado com The Fame Monster. Faz sentido que muitos não tenham se animado em assistir o show de um CD já “velho” e que não agradou a maioria do público. Se ainda estivesse trabalhando com o álbum, lançando algum single ou clipe nessa época, a turnê estaria mais em evidência.

Além disso, todo esse contexto revela uma tendência do público brasileiro: os shows internacionais e os grandes festivais não são mais raridades no país. Se antes as produtoras podiam cobrar preços exorbitantes para qualquer show, com a certeza absoluta de que o evento seria um sucesso em vendas e público, atualmente, o consumidor de entretenimento está mais seletivo. Para que assistir Lady Gaga por quase mil reais se no mês que vem poderá vir outro artista? Foi erro da produtora apostar em três shows no país, com capacidades exorbitantes e preços que se cobraria para artistas consagrados, como U2, ou Paul McCartney. Poderiam ter optado pelo mesmo esquema de outros shows internacionais, como Beyoncé, que fez um grande show em São Paulo e show menores em outros estados. O preço inicial também foi um fator decisivo: a maioria dos fãs de Lady Gaga não apresentam autonomia financeira (nem são maiores de idade), e não puderam arcar com ingressos, transporte, hospedagem e alimentação do deslocamento para outras cidades.


As ações desesperadas, como ingressos em promoção e vendas coletivas, só tornaram evidente essa série de problemas. A desastrosa entrevista para o Fantástico, em que a edição deixou a impressão de que cantora passa mais tempo cuidando da imagem do que respondendo as questões, inflamou ainda mais os ânimos. Na internet, alguns fãs até jogaram a culpa nos outros: “Tomara que ela nunca mais volte ao Brasil e bem feito que ela cagou e andou na cara dos brasileiros na entrevista pro fantástico, o Brasil é podre! A mulher viajou pelo mundo inteiro esgotando tudo! Pra ferrar, ainda ficam tirando onda com as venda”, dizia um dos fãs nas matérias sobre as baixas vendas dos ingressos.

O saldo disso tudo é que se cantora retornar com a próxima turnê para o país deverá com menos expectativas e mais planejamento. Além disso, seu novo projeto, ART POP, terá que provar que The Fame não foi sorte e que a Gaga ainda pode inovar e manter seu nome na mídia sem precisar usar roupas de carne ou ser comparada com outras cantoras. Será o momento decisivo: ou reconquista os fãs antigos e expande a base de admiradores ou ficará cada vez mais isolada em torre do castelo cenográfico de seu palco, apenas na companhia dos monstrinhos.

Agora, resta esperar que Gaga aproveite essa estadia no Brasil (pelas primeiras imagens, ela parece estar gostando) e que faça um belo show, para tirar o gosto amargo que esse álbum deixou.



2 de novembro de 2012

5 Filmes Indispensáveis de Tim Burton

Tim Burton não anda em uma fase muito boa: seu último filme, Sombras da Noite, teve um retorno morno de bilheteria e críticas bem divididas, indicando que a fórmula do diretor já estaria esgotada. Agora, com a estreia de seu novo projeto, a animação gótica Frankenweenie, remake de um curta que fez quando ainda trabalhava como animador, Tim parece que reconquistou parte da crítica, mas não teve o retorno de público esperado.

Quem acompanha a carreira de Burton há mais tempo, entretanto, percebe que a trajetória nunca foi muito linear, apesar de manter o mesmo estilo em quase todos os projetos em que esteve envolvido. Como diretor, muitos acusam Burton de se preocupar mais com a técnica e estética do que com o desenvolvimento dos personagens ou elaboração da narrativa. Inegávelmente, seus melhores filmes são aqueles em que os personagens são melhores explorados, sem abrir mão da temática e estética única que o transformaram em um dos diretores mais conhecidos e apreciados da atualidade. Para entender um pouco do talento (e, quem sabe, se animar para Frankenweenie), veja cinco filmes indispensáveis de Burton:

 

- Edward Mãos de Tesoura (1990)
Burton já tinha chamado a atenção do público e da crítica com Os Fantasmas se Divertem e com o sucesso internacional de Batman, mas o próximo projeto era seu filme mais pessoal até então, com uma temática que se tornaria frequente em suas obras:: aqui o protagonista é um monstro de bom coração, uma criação incompleta que permanece com as mãos de tesouras, isolado em um castelo. Quase um “A Bela e a Fera” gótico, o filme prima pelo visual, constratando o colorido da vida “normal”, com o castelo monocromático de Edward. Com personagens cativantes e história envolvente, o filme consegue criar cenas marcantes, como a primeira vez em que neva. Delicado e sensível, Edward também marcou a parceria que dura até hoje: Johnny Depp e Tim Burton. 


- Ed Wood (1994)
No único filme baseado em uma história real de Burton, temos a históra do “pior diretor de todos os tempos”. Ed Wood, que como Tim também tinha fascínio por temas macabros e sobrenatural, é interpretado por Depp com paixão e respeito. No filme, o diretor é retratado como um apaixonado pelo cinema que não vê problema em escalar os amigos ou trocar um ator no meio da produção, além da amizade que manteve com o astro decadente, Bella Lugosi, o Drácula. Há elementos mais emocionais que em outros filmes de Burton, com pitadas de drama e até comédia em alguns momentos. A fotografia em preto branco ressalta uma direção de arte mais contida no exageros e bem elegante.  

 

- A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999)
Um conto de suspense ganhou uma roupagem gótica e vitoriana nessa obra de Burton, que apresenta uma direção de arte e figurinos impecáveis e uma exótica mistura de suspense, ação e até uma pitada de comédia. Na trama, um agente da capital (Depp, aqui já acostumado com os personagens bizarros do diretor), vai até uma vila inglesa desvendar o assassinato em série que assombra o local. Chegando lá, descobre que o suposto responsável seria um cavaleiro decapitado que volta do mundo dos mortos em busca de vingança.Misticismo X Ciência, Tradição X Novo, são alguns dos embates que surgem ao longo do filme, que ainda hoje impressiona com seu visual e apresenta influência direta nas obras posteriores de Burton, especialmente seus filmes mais adultos e pesados como Sweeny Tood e Planeta dos Macacos.


- Peixe Grande (2003)
Burton sempre comentou os problemas com os pais durante a infância e usou Peixe Grande para exorcizar os traumas bem na época em que teve seu primeiro filho. Há menos sombras ou temas macabros e um tom mais próximo ao dos contos de fadas, como em Edward Mãos de Tesoura, para a delicada história de aproximação de pai e filho que vivem sem se entender: Enquanto Edward Bloom prefere criar histórias fantásticas e inacreditáveis sobre os momentos importantes de sua vida, o filho, William, um jornalista cético, deseja apenas a veracidade dos fatos. A distância entre eles e a diferença nas posturas é o tema de toda narrativa, que conta com um desfecho emocionante. Com um elenco afiado, o filme consegue criar cenas marcantes, como aquela em que Edward encontra o amor da sua vida em câmera lenta. Um dos poucos filmes atuais que não contou com Depp como protagonista. 


- Sweeny Tood (2007)
Burton vinha de uma boa sequência de filmes e sucessos, como A Fantástica Fábrica de Chocolate e A Noiva Cadáver, quando teve o apoio para realizar um desejo antigo: a versão cinematográfica do musical macabro Sweeny Todd. Diferente de outros músicais, coloridos e divertidos, esse filme é marcado pelo visual vitoriano, gótico e muito sangrento. Na história de vingança do barbeiro contra o juiz que acabou com sua vida, não faltam elementos bizarros típicos de Burton, como assassinatos, personagens estranhos e situações macabras, como as tortas com a carne dos cadáveres. Se no quesito voz os astros Depp e Helena Bohan Carter foram críticados na época, os dois dão um show na atuação, especialmente a esposa do diretor, que cria uma personagem moralmente questionável, mas que conquista a simpatia do público com sua visão quase romantica da tragédia que a rodeia. O filme se tornou uma obra cult, com destaque nas premiações. Foi um dos últimos momentos em que Burton conquistou um relativo destaque.  

30 de outubro de 2012

Comentário - CDs do segundo semestre 2012



Cat Power – Sun
A musa indie, que já fazia sucesso muito antes de Lana Del Rey copiar sua sonoridade, voltou com um disco de inédita em anos, desde que lançou o belo The Greastest. A cantora declarou que levaria o tempo necessário para compor e produzir as músicas da maneira que quisesse e, pela recepção da crítica e dos fãs, a espera compensou.  Deixando um pouco de lado as baladinhas melancólicas que fizeram sua fama, Cat Power está bem mais moderna, com uma sonoridade renovada, mais leve, mas que ainda soa com a mesma intensidade. Mudando sem perder a identidade, Sun surge com músicas agradáveis, daquelas de ouvir e cantarolar sem se cansar tão rápido. A voz peculiar de Cat Power, sem firulas ou alterações, também ajuda nesse resultado, que vai crescendo e se tornando ainda melhor a cada audição. A maior surpresa fica com o novo visual da cantora: cabelos curtinhos e descoloridos no último clipe (ok, ela era bem mais linda antes hehe).  Entre os destaques, vale a pena ouvir o primeiro single, Cherokee, Ruin e Nothin But Time


No Doubt – Push and Shove
O No Doubt volta oficialmente com esse lançamento depois de 11 (ONZE!!) anos sem um CD de inéditas. Para bem ou para o mal, eles continuam tocando como No Doubt, parecendo com o No Doubt antigo e se divertindo como antes. Gwen Stefani, que aproveitou a carreira solo para brincar de diva pop, mostra que se sente bem mais solta e cheia de energia quando está com os colegas de banda, entoando os antigos e novos sucessos. Para que é fã, Push and Shove é um ótimo resumo de tudo que a banda pode oferecer: músicas dançantes, mistura de ritmos, um pé no pop outro no rock, e a energia despretensiosa que a banda sempre apresentou, com aquela pegada dos anos 80. O novo trabalho já começa com força total, com a deliciosa Settle Down, Looking Hot, One More Summer (que lembra muito os singles antigos) e a faixa-título, Push and Shove. Entre as faixas posteriores, entretanto, o nível não se mantém e algumas músicas medianas acabam esfriando um pouco os ânimos, apesar de bons momentos. O resultado é um retorno festejado e esperado, mas sem nenhum hit como Don't Speak.
 

24 de setembro de 2012

Apostas do pop: quem será a próxima ‘Diva’?

Se você ainda acha que Rihanna é uma novidade na música pop está na hora de se atualizar. Até Lady Gaga e Katy Perry já são veteranas nesse ramo, com turnês mundiais, sucessos consolidados e já produzindo o terceiro álbum de inéditas. Nicki Minaj, Adele e Jessie J, que há tão pouco tempo eram o “frescor” do pop, já estão não contam mais com o elemento surpresa em suas apresentações e já aparecem bem menos na mídia. Com a velocidade dos tweets e “curtidas” no facebook, o prazo de validade de um popstar parece cada vez mais curto, com muitas apostas e poucas carreiras duradouras. Agora, com a proximidade do fim do ano, já podemos perceber quais foram as novas candidatas que apareceram em 2012 e avaliar o que cada uma tem a oferecer. 


Lana Del Rey
Born to Die, de Lana Del Rey, já nasceu com status de um grande sucesso, já que a cantora se aproveitou do forte hype e em pouco tempo figurava em todos os sites de moda, música e comportamento. A falta de carisma ao vivo e a apresentação controversa no SNL, entretanto, esfriou ânimos e a imagem da cantora acabou meio manchada. Fãs e haters tem um pouco de razão: Lana tem músicas bacana, é bem produzida, mas soa um tanto forçada. Quase como uma Cat Power mais pop, a cantora aproveita a bela imagem para explorar clipes com filtros do Instagram e cair nas graças do público indie. A temática retrô caiu em cheio em um momento em que está tão na moda soar blasé para o presente e celebrar qualquer coisa do passado. Aparentemente, Lana terá trabalho pela frente se deseja, realmente, se firmar como uma musa da música. 
Ouça: Born to Die


Marina and the Diamonds

Marina acabou se destacando na música pelo efeito “Lana”. A maior prova disso é que a cantora só conseguiu emplacar com o segundo CD, Electra Heart. Com uma proposta um pouco mais pop que a ruiva, Marina mostrou que tem uma voz potente, músicas contagiantes e que encara bem as apresentações ao vivo (problema comum das novas cantoras). Com o efeito “Gaga” na música pop, Marina não abre mão do visual em suas aparições, se preocupa com os videoclipes e sempre procura chamar atenção. Já despontando fora do circuito alternativo, Marina vem ganhado fãs, especialmente entre aqueles que adoram a proposta de Lana.
Ouça: Primadonna

 
Rita Ora
Ela se parece com a Rihanna, já frequenta o VMA, usa roupas chamativas, é “apadrinhada” por Jay-Z e Beyoncé e recebeu ajuda até do vocalista do Coldplay para escolher as músicas que entrariam no seu álbum de estreia, Ora. Com tantas ajudinhas e padrinhos, Rita já surgiu com uma música preparada para tocar nas “10+”: How we Do. Ao mesmo tempo que toda essa produção ajudou a alavancar Rita, também pode ser seu maior defeito: soar um pouco como tudo que já está tocando nas rádios, sem muita personalidade ou mostrando qual o diferencial. Com o álbum de estreia, será possível avaliar se Rita veio para ficar. 
Ouça: How We Do


Carly Rae Jepsen
Dona do maior hit de 2012, Carly pode ser a aposta mais certa de nova "diva pop". A morena tem potencial de se tornar a nova “Katy Perry” se apostar em visuais bem produzidos, músicas com pegada chiclete e não se levar tão a sério. A única dificuldade será lidar, justamente, com Call Me Maybe: o súcesso da música pode marcá-la como "aquela moça da música do ano passado".  
Ouça: Call Me Maybe

16 de setembro de 2012

Meia Noite em Paris - Woody Allen


Há uma tendência cada vez mais forte em olhar o passado em busca de ideias, seja na moda ou nas artes. Até Hollywood parece nostálgica ao dar o Oscar a "O Artista", um filme mudo em preto e branco. Na fotografia, usam-se filtros que deixam as fotos com cara de antigas pelo aplicativo Instagram. É nesse contexto saudosista que Meia-noite em Paris (2011), de Woody Allen, se encaixa: uma obra que celebra o passado e dá ao espectador muitas reflexões sobre o tema.

Gil (Owen Wilson), o protagonista, busca no passado a segurança e conforto que não encontra no presente, no qual é constantemente cobrado e avaliado pelos colegas, sogros e até pela noiva. Apesar do sucesso como roteirista de filmes populares de Hollywood, Gil mantém o sonho de se tornar escritor e busca em Paris a inspiração para criar sua história e provar que pode ser bem mais que  um sujeito mediano.

A Paris apresentada por Allen é encantadoramente glamourosa. Não há problemas na cidade, apenas prédios históricos, pessoas interessantes e ambientes belissimamente decorados. Quase como um lindo cartão postal em movimento. No decorrer da trama, a cidade ganha novas significações, tornando-se um símbolo da efervescência cultural, inspiração dos poetas e artistas de décadas passadas. Nesse sentido, a fotografia é eficiente em explorar os pontos mais conhecidos de Paris, tornando-a um cenário que transmite cultura e história a cada frame. A bela trilha sonora também ajuda a criar esse ambiente charmoso com canções de Cole Poter (em nenhum momento é ouvido músicas atuais, mesmo com a cantora Carla Bruni no elenco).

13 de agosto de 2012

Madonna - 54 Anos


Muito já foi falado, debatido...até mesmo aqui no blog.

Para não cansar ou repetir, quero só deixar registrado meu “parabéns” para essa mulher que continua relevante e trabalhando para conseguir um mundo mais livre, onde exista liberdade de opinião, religião e sexualidade. Muitos questionam se já não estava na hora de Madonna curtir a aposentadoria como ícone máximo do pop, aparecendo só em shows ocasionais, mas a verdade é que ainda precisamos dela, nem que seja para quebrar a última barreira do pop: o preconceito com a idade.

Para quem questiona a habilidade de Madonna em continuar na mídia, pesquise o nome dela e verá que só na etapa européia dessa turnê, tivemos polêmicas com mamilos em Human Nature, o choro emocionado em Like a Virgin, Elton John falando mal dela, polêmica com Born This Way, problemas com o partido de extrema direita francês, show em Paris vaiado por simpatizantes de Marine Le Pen e uma Rússia  em comoção com a suposta prisão da cantora depois de protestar contra a lei-anti gay e defender publicamente o grupo punk Pussy Riot, que está preso aguardando julgamento.

Nesse mesmo período, o que as outras cantoras andaram fazendo? 

Madonna chega aos 54 anos provando que pode não ser a melhor cantora, dançarina, compositora e nem a mais perfeita das celebridades, mas que ainda consegue gerar reações intensas e debates, como sempre quis.

L-U-V MADONNA!