13 de agosto de 2011

Madonna 53 anos - O que podemos comemorar?

Madonna no trono, como "Rainha do Pop" em sua última tour

Ela está velha, é feia, não tem talento, é chata, não causa mais polêmica, passou da hora de se aposentar, não sabe mais como chamar a atenção.... 

Essas são críticas comuns a Madonna Ciccone, ou só Madonna, como é conhecida no mundo inteiro. Mesmo se depois de mais de duas décadas como a “Rainha do Pop” não bastassem, Madonna ainda tem, e muito, o que nos dizer. Como um dos símbolos máximos da cultura pop, nenhuma outra cantora chegou aos seus patamares de popularidade, vendas ou influência. Se ela se aposentasse da música e dedicasse o resto dos seus dias sem fazer nada ou simplesmente lançando seus filmes, como diretora ou produtora, ainda assim, seria impossível menosprezar o talento dessa “loira ambiciosa”, que queria dominar o mundo na década de 80, gerou polêmicas nos anos 90 e começou o século XXI como a “mãe da re-invenção”.

O problema é que a cultura pop não tem memória. Os ídolos de uma geração são os astros decadentes da próxima década. Nisso, esqueceu-se que Madonna surgiu nos anos 80, época em que não existia Internet ou a troca tão rápida de informações, e soube, como poucos, reconhecer e dar ao seu público o que ele precisava no momento. No começo da carreira, por exemplo, ela era a expressão dos anos 80, no auge de seus excessos, influências do punk e um misto de inocência e malícia que conquistou rapidamente as paradas musicais do mundo inteiro. Mas isso não faria dela especial ou diferente, já que muitos outros artistas expressavam isso, com até mais talento para cantar e dançar. A jovem com sede de fama sabia que precisaria de algo a mais para se destacar...

Madonna e as "re-invenções" de sua imagem
Com o surgimento e popularização da MTV, como propulsor das novas tendências musicais e comportamentais para os jovens, Madonna e Michael Jackson foram pioneiros ao criarem videoclipes tão famosos que eram capazes de marcar mais que a própria música. Se com a televisão o mundo tornou-se ainda mais imagético, a força da música pop seria ligada diretamente a imagem que o artista representava. Não bastava só cantar, era necessário ter uma imagem forte o suficiente para gravar na cabeça dos adolescentes e fazer com que eles comprassem os discos e quisessem imitar as roupas, os gestos e o estilo de vida dos novos astros. Nisso, surgiram os primeiros personagens de Madonna, como a virgem que rola pelo chão sensualmente e a garota materialista que se inspira em atrizes de Hollywood para destruir corações.  

O segundo elemento que fez Madonna permanecer relevante por 25 anos, foi perceber a efemeridade da música pop e saber se "re-inventar" a cada tendência e novidade musical. No mundo de Madonna não há lugar para a repetição, mesmo com as coisas que fizeram sucesso. No lugar de  continuar com suas músicas como Holiday, a cantora foi mudando sua imagem, sonoridade e até postura ao longo do tempo. Dessa forma, quem vê a deusa do sexo simulando masturbação na escandalosa turnê Blond Ambition pode estranhar a imagem de guerrilheira politizada que se apresentava na divulgação de American Life ou a bruxa que voa pelo deserto no clipe de Frozen. Madonna, na busca pela re-invenção acabou flertando com a música country, com o rock, com a música alternativa, com o R&B, o dance e o hip-hop. O diferencial, é que essa mudança é sempre baseada em influências marcadas, com polêmicas inteligentes e que continuavam soando como Madonna. 

As várias faces de Madonna em duas décadas de carreira
Madonna muda porque a sociedade muda. Para o bem ou para o mal, ela é o que nós somos, como diz o título de seu documentário. Podem dizer que ela está velha ou fora da moda, mas a Rainha do Pop chega nesse mês aos seus 53 anos preparando mais um álbum de inéditas, que já desperta curiosidade e interesse na mídia e nos fãs do mundo inteiro, além de lançar seu longa W.E, em que foi diretora, produtora e roterista. Nesse aniversário, poderíamos apenas celebrar o que Madonna já fez, mas isso seria pouco para essa mulher que ousou debater publicamente sobre sexo, política e religião e ainda teve tempo de se acabar nas pistas de dança e curtir a vida. Não sabemos como será a nova Madonna, mas podemos deduzir que, de certa forma, ela refletirá o que somos.

“Em todo o meu trabalho, o objetivo é nunca ter vergonha: de quem você é, do seu corpo, dos seus desejos, das suas fantasias sexuais. (...) As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido. E o que eu estou falando é: Não tenha medo”  
Madonna