5 de abril de 2014

Comentário - Morte Súbita de J.K Rowling

Demorei para finalmente ler Morte Súbita. Tinha medo que o primeiro romance adulto da escritora de Harry Potter nos fizesse pensar que a saga do bruxo tinha sido mais um golpe de sorte do que talento. Besteira. Se o livro não é uma obra-prima avassaladora, ao menos comprova o talento de Rowling em criar histórias envolventes, universais e entreter o leitor. 

As diversas tramas se passam em uma pacata vila inglesa, em que os tradicionais moradores vivem uma aparente imutável rotina há décadas. Quando um dos membros mais carismáticos do local morre inesperadamente (como já anuncia o título), os segredos e mentiras construídos por anos começam a ruir e, pouco a pouco, os aparentemente impecáveis moradores do local começam a mostrar o lado mais…. ‘humano’. 

Como toda obra com várias histórias paralelas e diversos personagens, nem sempre há espaço para um bom desenvolvimento e algumas boas histórias acabam apressadas, desperdiçadas no meio do caminho para dar espaço para acontecimentos sem muita importância. Nesse sentindo, Rowling prefere criar dezenas de personagens típicos como a ‘dona de casa entediada’, ‘a vítima de preconceito’ ou ‘a adolescente problemática’ do que focar e desenvolver com complexidade alguma das histórias que montam seu quebra-cabeça. 


Da série que a tornou famosa no mundo inteiro, Rowling continua dando um destaque especial para os adolescentes e parece bem mais familiarizada a escrever sobre as angústias de jovens que querem sair da cidade pequena do que a crise de meia idade por que passam os personagens ‘maduros’. Os jovens, inclusive, protagonizam os principais momentos da trama e são responsáveis pelas grandes revelações. Os adultos, em geral, só reagem a esse acontecimentos.

Para certificar-se de que a história não seria confundida com seus livros anteriores, Rowling também parece ter passado por uma listinha de temas ‘adultos’ em cada capítulo, algumas vezes até forçando a mão em revelações e acontecimentos que parecem não levar a nada, como um estupro que pouco é comentado nas páginas seguintes.  

Com um ritmo lento no começo, em que cada personagem é apresentado dentro da rotina da cidade, Morte Súbita engrena mesmo quando os segredos começam a aparecer. Pena que quando já estamos íntimos daqueles personagens, com seus defeitos e características, a história termina um tanto apressada, principalmente diante dos acontecimentos finais. Para os que ainda estão em dúvida sobre Morta Súbita, pode ler sem medo e escolher dentre as diversas tramas, aqueles que você mais gosta ou se identifica. 

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