11 de agosto de 2013

CDs do primeiro semestre de 2013

O primeiro semestre de 2013 não rendeu um hit-pop-arrasa quarteirão a nível de Call Me Maybe ou uma febre da internet como o Gangnam Style. Na falta de revelações, os destaques ficaram nas mãos de artistas consagrados, alguns que até andavam afastados da mídia e voltaram com material inédito após alguns anos. O hit do verão, por exemplo, ficou nas mãos da dupla francesa Daft Punk, com o sucesso de Get Lucky. No Brasil, depois de uma leva de cantoras que seguiam a cartilha Vanessa da Mata, cantores e bandas estão com mais oportunidade de divulgar seus (bons) trabalhos depois do sucesso e reconhecimento de Criolo, Cícero e Silva. A dica é filtrar um pouco o som de fora e abrir bem os ouvidos para o que está rolando por aqui! 

David Bowie - The Next Day


O sumiço de David Bowie ganhava cada vez versões mais mirabolantes: alguns diziam que o camaleão estava com uma doença terminal, outros afirmavam que o cantor só estava decepcionado com a repercussão do último trabalho, enquanto uma parcela acredita que, na verdade, Bowie estava cansado de produzir. Secretamente, entretanto, ele estava gravando e arquitetando seu retorno e deu uma rasteira em toda mídia. Quando achou que estava pronto, Bowie utilizou a internet para anunciar sua nova produção e entregou um álbum que resume várias sonoridades e estilos que ele já adotou ao longo da carreira. A própria capa do CD já indica essa visão saudosa do artista, com a reileitura de sua própria obra. Bowie critica o presente com canções que discutem o culto das celebridades, a velocidade das informações e sensação de estar cada vez mais perdido e um mundo superficial. Entre os destaques, os singles The Stars Are Out Tonight e The Next Day resumem bem esse retorno tão esperado pelos fãs da música. Pode não um trabalho brilhante, mas ouvir novidades de Bowie sempre vale a pena.

Justin Timberlake - 20/20 Experience

Depois de alguns anos dedicando-se a carreira de ator, Justin Timberlake decidiu “trazer a elegância de volta” com 20/20 Experience, projeto dividido em duas partes. Com um sonoridade retrô e mais sofisticada, Justin deixou um pouco de lado os batidões do hip-hop e passos de dança que o transformaram em uma das estrelas mais requisitadas da década passada. Em suas novas investidas, Justin investe mais em baladas do que em músicas dançantes, como Mirros, que faz a ponte entre o trabalho anterior e esse. As melhores faixas, porém, são aquelas em que Justin abandona de vez o personagem anterior, como Suit And Tie e abertura Pusher Love Girl. O problema é que essa sonoridade já não é mais novidade desde que Amy Winehouse estourou e trouxe uma leva de artistas que buscam no passado a inspiração para criar: o próprio Bruno Mars já faz um trabalho nesse sentido. Além disso, a longa duração das músicas chega a irritar em alguns momentos. Agora, resta esperar pela continuação do projeto, que será lançada ainda neste ano.  

Wado - Vazio Tropical

Menos diversificado que o álbum anterior, Vazio Tropical pega carona no sucesso de Silva e Cícero (com direito a dueto) e promete tornar Wado um nome mais familiar aos ouvintes de música-pop-nacional. A produção de Marcelo Camelo, ao mesmo tempo em que cria uma unidade entre as músicas, também deixa o som do cantor sem muita personalidade, como se fosse uma continuação dos trabalhos do próprio Camelo. Não é a toa que os melhores momentos são aqueles que lembram o trabalho anterior, como a belíssima e a delicada faixa Flores do Bem e o samba Quarto Sem Porta. As composições continuam como o diferencial do artista, com uma delicadeza mesmo em assuntos complexos, como a solidão na cidade grande, relacionamentos e a busca da própria identidade. Vazio Tropical pode render a popularidade dos colegas à Wado e fazer com que sua voz doce ganhe a divulgação que merece. 

She & Him - Vol.3 

A dupla despretensiosa, que começou como um projeto alternativo, chega ao seu terceiro volume com status cult e uma constante evolução e amadurecimento. Zooey Deschanel, agora já musa indie, pode não ter uma voz potente, mas compensa com interpretações competentes e o controle cada vez maior de sua habilidade vocal. Com uma sonoridade cada vez mais elaborada, a dupla não deixa de lado o charme retrô que a tornou famosa e não tem medo de evocar The Carpenters, com canções leves. Destaques para as regravações, como Sunday Girl de Blondie, que ganhou uma cativantes versão. Um álbum só com covers poderia render um ótimo Volume 4. Se falta uma canção mais pop, como In The Sun, o terceiro volume rende ótimos momentos, como I Got Your Number Son, a ótima  I Could've Been Your Girl e a baladinha Turn To White. Despretensioso, leve e demonstrando uma constante evolução, sem perder as características, She & Him anda melhor que muito cantor “sério”.

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