21 de fevereiro de 2012

O Estranho Mundo de Tim Burton

O Estranho Mundo de Tim Burton não é uma biografia convencional, até porque Tim Burton não é um diretor ou homem muito convencional. O livro, na verdade, é uma reunião de análises, críticas, entrevistas e depoimentos sobre os mais de 20 projetos que ele esteve envolvido (como diretor ou produtor) desde que começou a carreira com curtas-metragens na Disney. Alguns detalhes da vida pessoal de Tim são abordados, como o relacionamento complicado com os pais, alguns namoros e, principalmente, a infância do diretor. Esses detalhes ajudam a desvendar alguns aspectos dos filmes, como os temas sombrios e os personagens estranhos que ele tanto gosta.  


Como um livro de vários autores, algumas análises são ricas em detalhes e nos oferecem curiosidades dos bastidores, aspectos da vida pessoal do diretor e entrevistas bem esclarecedoras. Outras, entretanto, são mais superficiais, basicamente com a sinopse do filme e algum cometário rápido. De maneira geral, com essas análises podemos ver como Burton conseguiu manter o estilo pessoal e desafiou padrões de Hollywood ao ter sucesso de público e crítica com obras consideradas estranhas ou de difícil realização.   
Burton e Depp: amigos e parceiros
O livro esclarece algumas questões frequentes sobre as obras de Burton. Os visuais de seus filmes são tão carregados e únicos porque ele é um ex-desenhista: cada frame deve ter a beleza e estética de uma pintura ou animação. Há uma maior preocupação com a estética do que com o roteiro, por exemplo. A dificuldade em se adaptar ao meio social, tema frequente das suas obras, é reflexo do próprio diretor, que se considera uma pessoa socialmente deslocada. Além disso, todos os filmes remetem a elementos que fizeram parte de uma infância recheada de filmes de monstros, quadrinhos e ídolos do terror como Vincent Price e Christopher Lee. Os protagonistas dos seus filmes, como o bizarro Edward, o sombrio Batman ou o diretor menosprezado Ed Wood, representam partes da personalidade e biografia do próprio Burton.

O livro ajuda a compreender como Burton foi recebido pela crítica e público ao longo do tempo. Os filmes do diretor sempre foram muito reconhecidos pelos aspectos técnicos e visuais, mas não são unanimidades entre os críticos, muito menos nas premiações, que sempre o esnobaram o trabalho do diretor. Já o público normalmente comparece em peso nos cinemas, mesmo que depois critique, como aconteceu com o recente Alice no País das Maravilhas, que se tornou uma das maiores bilheterias de todos os tempos. 

No fim, fica a sensação de que Burton está tentando, a cada filme, resgatar pedaços da infância e oferecer ao público pequenos fragmentos de sua personalidade e vivência. Com personagens bizarros, visuais únicos e histórias estranhas, o diretor oferece ao público uma chance de sair da realidade e questionar o que é ser "normal". Indicado especialmente para fãs, o livro nos faz entender e admirar, ainda mais, o trabalho e vida desse homem que é um dos artistas contemporâneos mais expressivos e criativos. Com dois projetos para esse ano, o diretor ainda tem muito para oferecer e encantar platéias do mundo inteiro. 


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