Se na primeira metade de 2013 quase não tivemos novidades das ‘divas’ do pop, o segundo semestre foi recheado de vários lançamentos e as já famigeradas brigas de fãs para defender as musas. Entre tantas polêmicas e lançamentos, quatro álbuns se destacam:
Depois de Teenage Dream e oito singles de sucesso, Katy Perry passou de ‘aposta’ para o primeiro escalão do pop. Nas primeiras declarações sobre o novo trabalho, Katy dizia que o terceiro álbum de estúdio seria mais pessoal e menos alegre que os antecessores. A cantora nem precisava ter colocado fogo na peruca azul ou 'armar um funeral' da era anterior, já que Prism está longe de ser uma ruptura anunciada, apesar de ser o mais diversificado de sua carreira.
Enquanto os álbuns anteriores tinham conceitos e sonoridades bem definidas, como a estética pin-up de One of The Boys ou a divertida narrativa da adolescência em Teenage, Prism aposta em várias direções, sem, entretanto, se aprofundar em nenhuma referência. Entre os destaques, o primeiro single, Roar, faixa de superação com aquela pitada de autoajuda que faz sucesso hoje em dia, demonstra o quanto Katy sabe fazer hits com refrões pegajosos e poderosos. Walking on Air é a música mais dance já produzida pela cantora e poderia facilmente ser lançada como single para incendiar as pistas de dança, assim como Birthday, claramente inspirada no som de Whitney Houston e Mariah Carey no começo da carreira. O restante das faixas, entretanto, soam bem menos memoráveis que os trabalhos anteriores de Katy e carecem de identidade ou diferencial: This Is How We Do, por exemplo, poderia facilmente estar em um álbum de Rita Ora ou Selena Gomez.
Se por um lado Katy ganha pontos por não tentar fazer uma segunda parte de Teenage Dream, por outro, fica a impressão de que o conceito de Prism foi alterando-se durante a produção e resultado é um conjunto de canções que não se completam 100%. Não que Katy, que se esforça em fixar suas músicas no cenário pop, não consiga reverter essa situação com bons clipes e enorme popularidade.
Lady Gaga - ArtPop
Lady Gaga soube como manter o mistério sobre ArtPop, especialmente após o sumiço com a operação no quadril. Depois de tantos meses de trabalho e promessas de “uma revolução musical”, as experimentações com Marina Abramovic parecem funcionar e ArtPop revela-se uma celebração à música pop, com referências claras e um retorno da cantora ao som que a tornou uma sensação na música há alguns anos atrás. Só não deixe-se enganar: há mais pop do que arte nesse trabalho.
Se com Born This Way a cantora afastou parte dos fãs com bizarrices, discursos de autoaceitação e uma sonoridade menos pop, ArtPop traz de volta as canções dançantes e despretensiosas e nos faz lembrar que, além dos figurinos exuberantes, Gaga canta bem, tem boa produção e propriedade para fazer um álbum com nome tão abrangente. Essa vontade de revelar-se novamente fica clara em Aura, em que Gaga pergunta: “Você quer ver a garota que vive por trás da aura?” ou em uma das melhores faixas do trabalho, a homônima ArtPop. Nesse processo de ‘descobertas’ e reflexões, há momentos divertidos como Manicure, Donatella (sim, a dona da Versace), as celebrações da moda (Fashion) e do próprio espetáculo (Applause). Pena que o segundo single acabou sendo alterado com a mediana Do What U Want já que Venus é infinitamente mais interessante.
ArtPop parece o trabalho de transição que faltou entre The Fame e Born This Way, com mais diversão e menos bizarrices gratuitas. Pelas últimas apresentações e clipe, podemos ter uma nova fase bem mais simples em figurinos ou produções, mas com uma cantora mais segura do seu potencial, extensão de voz e sem aquele discurso de autoajuda que ultimamente já estava tedioso. Fica a sensação, entretanto, de que o álbum não tem uma música capaz de repetir o sucesso estrondoso de Bad Romance ou mesmo Poker Face, o que poderá representar em uma queda da popularidade e poder midiático da cantora. Outra questão é que a anunciada revolução, que contaria com um aplicativo, um possível álbum duplo e experimentações musicais, acabou ficando só como um boato. Melhor assim, talvez: sem a pretensão de ter ‘o hino da geração’, Gaga não precisará lançar qualquer coisa só para continuar no topo da Billboard.
Quem diria que a ex-queridinha-da-Disney se tornaria uma das personalidades mais controversas e comentadas de 2013? Depois da polêmica apresentação no VMA, aparecer nua no clipe dirigido por Terry Richardson e fumar maconha no palco do EMA, Miley apagou de vez o passado como Hannah Montana e conseguiu chamar atenção para Bangerz. Se a estratégia foi forçada ou se ela está se queimando, só o tempo dirá. O resultado, por enquanto, é que muitas pessoas que jamais ouviriam Miley deram o braço a torcer e Bangerz já está entre os grandes lançamentos do ano.
Miley disse que esse trabalho deveria ser considerado como o primeiro disco, um recomeço total na carreira. Analisando por essa perspectiva, Bangerz é uma estreia com bons momentos, capaz de brigar com as ‘veteranas do pop’, apesar de não ter nenhuma inovação ou mesmo ousadia: faltou rebeldia em grande parte do álbum, só aparecendo algumas vezes como na ótima ‘We Can’t Stop’ (oferecida originalmente à Rihanna) ou em Love, Money, Party. Fora a polêmica, Miley também mostra que é uma boa cantora no single Wrecking Ball, sobre um relacionamento destrutivo ou na ótima Drive. Em SMS (Bangerz), há até um dueto rapidinho (e um tanto apagado) com outra princesa-disney que se rebelou: Britney Spears.
Entre várias participações (algumas bem desnecessárias), Get It Right destaca-se pela produção de Pharrel e Adore You, escolhida como terceiro single, mostram que Miley tem potencial em permanecer nas paradas de sucesso e que pode chamar atenção e marcar seu nome na música pop além das polêmicas e declarações chocantes. Se Bangerz é só o começo, estaremos esperando pelos próximos passos de Miley!
Britney Spears - Britney Jean
Mesmo sem a divulgação maciça, só o nome de Britney já é suficiente para que as expectativas sejam altas e seus lançamentos sempre causam comoção na internet. Para aproveitar o melhor desse novo trabalho, esqueça todos os boatos de que a Princesa do Pop iria revolucionar a música ou cantar como nunca antes: Britney Jean é um típico álbum de Britney, com toda a experiência de quem está há anos esse jogo.
Se o primeiro single, Work Bitch pareceu não ter feito o sucesso esperado, apesar do clipe que relembra seus melhores momentos, Britney ainda tem boas opções para apostar, como Perfume, uma baladinha como há muito tempo Britney não lançava ou Tick Tick Boom, que surge como uma das preferidas dos fãs. Apesar da variedade de produtores e colaboradores, que vão do famigerado parceiro Will.i.am, Sia, Katy Perry e até William Orbit (responsáveis por alguns dos melhores momentos de Madonna), há uma unidade entre as música, o que faz com que Britney Jean seja um daqueles álbuns para se ouvir repetidamente, sem cansar tão fácil.
Em seu oitavo álbum, Britney não tem mais a necessidade de provar seu talento, se consegue cantar ao vivo ou sua relevância na música pop. O álbum pode não estar fazendo o sucesso esperado nas vendas, nem se tornar um marco na música, mas parece o trabalho mais pessoal de Britney desde Blackout. Ela pode não ser a mais talentosa das cantoras, nem divulgar seu trabalho como antes, mas Britney Jean mostra que que a melhor habilidade de Britney sempre foi escolher músicas contagiantes, que se tornam hinos do pop sem pretensão ou por imposição, como as novatas tentam fazer.
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