2 de novembro de 2012

5 Filmes Indispensáveis de Tim Burton

Tim Burton não anda em uma fase muito boa: seu último filme, Sombras da Noite, teve um retorno morno de bilheteria e críticas bem divididas, indicando que a fórmula do diretor já estaria esgotada. Agora, com a estreia de seu novo projeto, a animação gótica Frankenweenie, remake de um curta que fez quando ainda trabalhava como animador, Tim parece que reconquistou parte da crítica, mas não teve o retorno de público esperado.

Quem acompanha a carreira de Burton há mais tempo, entretanto, percebe que a trajetória nunca foi muito linear, apesar de manter o mesmo estilo em quase todos os projetos em que esteve envolvido. Como diretor, muitos acusam Burton de se preocupar mais com a técnica e estética do que com o desenvolvimento dos personagens ou elaboração da narrativa. Inegávelmente, seus melhores filmes são aqueles em que os personagens são melhores explorados, sem abrir mão da temática e estética única que o transformaram em um dos diretores mais conhecidos e apreciados da atualidade. Para entender um pouco do talento (e, quem sabe, se animar para Frankenweenie), veja cinco filmes indispensáveis de Burton:

 

- Edward Mãos de Tesoura (1990)
Burton já tinha chamado a atenção do público e da crítica com Os Fantasmas se Divertem e com o sucesso internacional de Batman, mas o próximo projeto era seu filme mais pessoal até então, com uma temática que se tornaria frequente em suas obras:: aqui o protagonista é um monstro de bom coração, uma criação incompleta que permanece com as mãos de tesouras, isolado em um castelo. Quase um “A Bela e a Fera” gótico, o filme prima pelo visual, constratando o colorido da vida “normal”, com o castelo monocromático de Edward. Com personagens cativantes e história envolvente, o filme consegue criar cenas marcantes, como a primeira vez em que neva. Delicado e sensível, Edward também marcou a parceria que dura até hoje: Johnny Depp e Tim Burton. 


- Ed Wood (1994)
No único filme baseado em uma história real de Burton, temos a históra do “pior diretor de todos os tempos”. Ed Wood, que como Tim também tinha fascínio por temas macabros e sobrenatural, é interpretado por Depp com paixão e respeito. No filme, o diretor é retratado como um apaixonado pelo cinema que não vê problema em escalar os amigos ou trocar um ator no meio da produção, além da amizade que manteve com o astro decadente, Bella Lugosi, o Drácula. Há elementos mais emocionais que em outros filmes de Burton, com pitadas de drama e até comédia em alguns momentos. A fotografia em preto branco ressalta uma direção de arte mais contida no exageros e bem elegante.  

 

- A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999)
Um conto de suspense ganhou uma roupagem gótica e vitoriana nessa obra de Burton, que apresenta uma direção de arte e figurinos impecáveis e uma exótica mistura de suspense, ação e até uma pitada de comédia. Na trama, um agente da capital (Depp, aqui já acostumado com os personagens bizarros do diretor), vai até uma vila inglesa desvendar o assassinato em série que assombra o local. Chegando lá, descobre que o suposto responsável seria um cavaleiro decapitado que volta do mundo dos mortos em busca de vingança.Misticismo X Ciência, Tradição X Novo, são alguns dos embates que surgem ao longo do filme, que ainda hoje impressiona com seu visual e apresenta influência direta nas obras posteriores de Burton, especialmente seus filmes mais adultos e pesados como Sweeny Tood e Planeta dos Macacos.


- Peixe Grande (2003)
Burton sempre comentou os problemas com os pais durante a infância e usou Peixe Grande para exorcizar os traumas bem na época em que teve seu primeiro filho. Há menos sombras ou temas macabros e um tom mais próximo ao dos contos de fadas, como em Edward Mãos de Tesoura, para a delicada história de aproximação de pai e filho que vivem sem se entender: Enquanto Edward Bloom prefere criar histórias fantásticas e inacreditáveis sobre os momentos importantes de sua vida, o filho, William, um jornalista cético, deseja apenas a veracidade dos fatos. A distância entre eles e a diferença nas posturas é o tema de toda narrativa, que conta com um desfecho emocionante. Com um elenco afiado, o filme consegue criar cenas marcantes, como aquela em que Edward encontra o amor da sua vida em câmera lenta. Um dos poucos filmes atuais que não contou com Depp como protagonista. 


- Sweeny Tood (2007)
Burton vinha de uma boa sequência de filmes e sucessos, como A Fantástica Fábrica de Chocolate e A Noiva Cadáver, quando teve o apoio para realizar um desejo antigo: a versão cinematográfica do musical macabro Sweeny Todd. Diferente de outros músicais, coloridos e divertidos, esse filme é marcado pelo visual vitoriano, gótico e muito sangrento. Na história de vingança do barbeiro contra o juiz que acabou com sua vida, não faltam elementos bizarros típicos de Burton, como assassinatos, personagens estranhos e situações macabras, como as tortas com a carne dos cadáveres. Se no quesito voz os astros Depp e Helena Bohan Carter foram críticados na época, os dois dão um show na atuação, especialmente a esposa do diretor, que cria uma personagem moralmente questionável, mas que conquista a simpatia do público com sua visão quase romantica da tragédia que a rodeia. O filme se tornou uma obra cult, com destaque nas premiações. Foi um dos últimos momentos em que Burton conquistou um relativo destaque.  

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