O VMA 2010 foi marcado por apresentações desinteressantes, excesso de playback e Lady Gaga vestida de carne. Na festa da MTV daquela noite, uma apresentação chamou a atenção de todos, inclusive de Gaga: uma ruiva meio hipponga com voz poderosa e uma música pop diferente. Depois disso, a banda Florence + The Machine se tornaria conhecida fora do gueto alternativo britânico e a vocalista, Florence Welch, representaria uma figura diferente das divas do pop americano e se transformaria em musa indie.
Agora, já queridinha da crítica especializada, com uma base de fãs formada e apelo fashion, a ruiva enfrenta o desafio do segundo CD com o lançamento de Ceremonials. Pela recepção do trabalho, bem aceito pela crítica e com comentários positivos em fóruns na internet, Florence parece ter acertado novamente e agradado aos fãs, mesmo com algumas diferenças do trabalho anterior. Visualmente, algumas alterações já chamam atenção para os rumos do projeto: menos “hippie”, mais clássico (remetendo as antigas divas do cinema) e bem mais sombrio.
Florence na apresentação do VMA 2010 |
Ceremonials traz alguns elementos que tornaram Florence tão conhecida em seu CD de estreia, o ótimo Lungs: boas letras, arranjos que misturam diferentes elementos e formam um som meio místico, sem perder a raiz pop. A produção continua primorosa, com destaque para músicas mais "cruas", mais próximas do rock. A voz de Florence está ainda mais controlada, conseguindo soar poderosa ou como um sussurro quando necessário, que demonstra maturidade musical da cantora. A grande diferença de Ceremonials é o tom mais sombrio e introspectivo em todo trabalho. Há menos canções que leves como You've Got The Love ou uma música tão impactante quanto The Dog Days Are Over.
Como o nome já diz, o tema desse novo álbum são rituais, reflexões sobre a morte e espiritualidade. A temática ganhou mais força com os clipes lançados até agora, como Shake It Out que mostra Florence em uma festa de grupo ligado ao ocultismo, em uma clara referência à De Olhos Bem Fechados, de Kubrick. Ceremonials mantém esse clima ocultista, com destaques para Seven Devils, What The Water Gave to Me e No Light, No Light.
Mesmo com as mudanças na temática e sonoridade, Florence consegue soar como ela mesma e estabelecer conexão com o trabalho anterior. A ruiva pode não ser um sucesso estrondoso de vendas e popularidade como Adele ou Amy Winehouse (só para citar as duas últimas sensações britânicas), nem tão performática quanto Jessie J, entretanto, Florence prova que é possível conquistar uma legião de fãs e o interesse da mídia, sem perder a identidade e qualidade no trabalho.
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