25 de junho de 2013

Novidades no Pop/Rock Brasileiro - Nevilton e Bárbara Eugênia


Para aqueles que gostam de dizer que que a música brasileira está decadente com o funk e o sertanejo e que não há mais boas produções na MPB, o selo OI Música vem apostando em novos e promissores talentos. Dois lançamentos chamam a atenção nessa leva por representarem evoluções importantes para seus criadores:  Sacode, da banda Nevilton e É O Que Temos, de Bárbara Eugênia.


Nevilton - Sacode

Se o pop/rock nacional anda em uma maré bem apática, com muitas bandas preocupadas em soarem modernas e descoladas, Sacode!, do Nevilton, é um traballho que rema em outra direção: sem pretensão de mudar ou revolucionar a música, muito menos se tornar o hino de uma geração, mas com leveza e conteúdo para não ser dispensável. E o melhor de tudo: sem cair na armadilha de tentar ser o novo Los Hermanos. É na simplicidade que o trio paranaense se destaca, especilamente quando descreve a geração dos jovens inseguros de hoje em dia, que vive "tempos de maracujá" e passam a semana esperando momentos efêmeros de diversão. 

 Sacode! é mais coeso e melhor finalizado que o disco de estréia, De Verdade (2011). Os destaques continuam sendo as faixas que fazem uma crônica do cotidiano, como a ótima Noite Alta que já começa lamentando a rotina massacrante e a falta de diversão nos versos: "na hora de acordar/difícil ficar em pé/ o mundo inteiro cheira café/ e a gente vai trabalhar". É fácil para qualquer um se identificar com o discurso da banda e com o som que eles fazem. Mesmo quando fala de assuntos mais sérios, como a solidão, a banda não deixa o ânimo cair, como em Sacode. Há também espaço para músicas mais pop, com cara de hits que entram em trilhas de novelas, como a fofa Friozinho, as agitadas Bailinho Particular e Satisfação, a mais dançante, que poderia figurar nas das 10+ da Joven Pan tranquilamente. 

Com algumas referências bem estabelecidas e uma mistura de ritmos que não apareciam no primeiro álbum, o Nevilton tem provado que está evoluindo, sem se tornar careta ou se afastar das origens. Ponto para eles, uma vez que cada vez mais o pop nacional carece de músicas com conteúdo e de qualidade. Vale a pena ficar de olho, e com os ouvidos, abertos!  



Barbara Eugenia - É O Que Temos

Para quem acompanha os blogs e revistas de música, o nome Bárbara Eugênia já não deve ser tão novidade. Fuja do rótulo de "musa indie brazuca" e dê uma chance para É O Que Temos, segundo álbum da cantora. Nesse novo trabalho, fica de lado as melancolias rasas à Lana Del Rey e surge uma mistura de ritmos muito mais ousada e até divertida, que aproxima a cantora do time de de Tuilipa Ruiz, Céu, Tiê e Mallu Magalhães. 
Muito mais elaborado que o álbum de estreia Journal de Bad, que tinha boas músicas, mas pecava por soar um pouco repetitivo e forçado a ser blasé, É O Que temos se beneficia por uma mistura de influências e músicas que poderiam ser cantadas pelos astros da MPB, como a abertura, Coração. Não é a toa que a regravação de Porque Brigamos? se torna um dos melhores momentos do álbum. Bárbara soa muito melhor quando deixa a sofisticação forçada de lado e abraça seu lado mais popular. Entre os destaques, a ótima Roupa Suja.

É O Que temos, faixa-título, lembra o primero álbum de Barbara e é de longe uma das menos interessantes do novo álbum. As músicas em inglês e francês também não acrescetam muito e mais parecem uma tentativa de soar “moderna”. Com um segundo álbum bem mais interessante que o anterior, Bárbara parece ter percebido que soar moderna não é sinônimo de monotonia, mas de diversidade.

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