“Preferia que não tivesse a Barbie Nicole”.
Bastou o trailer de O Estranho que nós amamos (The Beguiled), de Sophia Coppola ser divulgado para os comentários de rejeição a Nicole Kidman pipocarem nas redes sociais, questionando seu talento ou mesmo zombando das supostas aplicações de botox. Apesar de ter sido recentemente indicada nas principais premiações pelo trabalho em Lion - Uma Jornada para Casa (2016) , que também concorreu ao Oscar de Melhor Filme, a atriz hoje parece mais associada aos trabalhos medianos do que as obras-primas que protagonizou nos anos 2000. Situação que pode mudar com os próximos projetos!
De ex-Tom Cruise para estrela dos festivais
No começo da década de 2000 Nicole Kidman conseguiu superar o estigma de ser a ‘ex-Tom Cruise’ para se tornar um dos nomes mais promissores de Hollywood, estrelando verdadeiros clássicos modernos como Moulin Rouge (2001), Os Outros (2001), As Horas (2002) e Dogville (2003). Não por acaso, a atriz era presença constante nas principais premiações e festivais de cinema, sempre associada com produções ousadas, personagens marcantes e diretores vanguardistas. Como ícone de beleza, a atriz também figurou em campanhas e capas de revistas, com ápice do emblemático comercial do perfume Chanel n5.
Apesar de não sofrer a ‘maldição do Oscar’, já que nunca caiu em ostracismo, nos últimos anos Nicole, porém, entrou em uma leva de filmes que oscilavam entre fracassos comerciais (A Bússola de Ouro 2007, Antes de Dormir 2014), comédias medianas (A Feiticeira 2005, Esposa de Mentirinha 2011), biografias apáticas (Grace de Mônaco 2014, Rainha do Deserto 2015, O Mestre dos Gênios) e até remakes que mal fazem justiça ao original (Invasores 2007, Olhos da Justiça 2015). A sensação é que depois da fase mais promissora a atriz teria entrado em uma leva de atuações automáticas, muitas vezes sendo mais uma figurante de luxo que que pouco lembrava as atuações marcantes do passado. As manchetes em sites de famosos ressaltando o botox da atriz também ajudaram a criar uma áurea decadente sobre a loira, com uma imagem cada vez mais distante da musa dos festivais de outrora.
A realidade, entretanto, é que entre esses projetos mais comerciais a atriz seguiu participando de produções ousadas de diretores em ascensão, o problema, porém, é que em sua maioria eram filmes menores, com pouca divulgação ou repercussão na mídia. Entre os destaques de interpretação temos Margot e o Casamento (2007) de Noah Baumbach, Segredos de Sangue (2012), Obssessão (2012) e até Reencontrando a Felicidade (2012), pelo qual foi até indicada ao Oscar.
Para os defratores, entretanto, 2017 parece o ano para lembrar o quão talentosa e versátil é a atriz. Nicole voltou aos tapetes vermelhos e premiações com as indicações a Lion no começo do ano e encontrou na TV a oportunidade de conquistar novos fãs com a elogiada minisérie Pequenas Grandes Mentiras da HBO. No papel de uma esposa que esconde as agressões do marido para manter as aparências, a atriz construíu um personagem delicado, cheio de nuances, agradando o público.
Já a edição de Cannes será o teste final da atriz, com quatro promissores projetos que já despertam o interesse da mídia: O Estanho que Amamos (The Beguiled), de Sophia Coppola que está na competição, How to talk to girls at parties adaptação de um conto de Neil Gaiman e ainda The Killing of a Sacred Deer aguardado projeto do diretor de O Lagosta (2015). Entre os próximos projetos, há também a atuação na minissérie Top of the Lake: China Girl e com participação até em Aquaman da DC, depois dos boatos que seria a mãe da Mulher Maravilha.
Parece que depois de anos oscilando entre projetos comerciais medianos e filmes alternativos com pouca repercussão, a atriz voltou ao rumo com associações ousadas, personagens interessantes e que demonstram o motivo de ter marcado seu nome entre os grandes talentos de Hollywood, muito além da aparência.
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