Não há como
negar: estão faltando ídolos. Seja na música, cinema ou até mesmo na literatura, qual nome atual é capaz de despertar a paixão e interesse dos astros de antigamente? Em uma era em que todos pode se tornar um fenômeno de popularidade, sem a necessidade de uma habilidade especial, é cada vez mais difícil aparecer alguém realmente interessante. Se, por um lado, nunca estivermos tão perto dos nossos ícones, por outro, percebemos mais facilmente suas fragilidades, problemas pessoais e acabamos perdendo a idolatria. Sem as redes sociais ou internet, nossa imagem dos astros era sempre imaculada: sorridentes em entrevistas, impecáveis em bailes ou brilhando nas telas e palcos. Não sabíamos que eles se matavam na academia, que tinham problemas com drogas ou que saiam de casa vestindo pijama. É difícil acreditar que Britney Spears é incrível, depois de ver milhares de fotos dela acima do peso e com roupas
comuns no dia a dia. Hoje, qualquer passo dos famosos é registrado, compartilhado e gera um rápido debate. Eles estão cada vez mais como nós.
Só no ano passado, Madonna provou que ainda dá um banho na concorrência com a turnê MDNA. No Doubt, Mika, Nelly Furtado, Christina Aguilera e P!nk foram alguns dos grandes nomes que também lançaram material inédito após anos. Alguns tiveram retorno comercialmente, outros só conseguiram a apreciação da crítica. O importante foi colocar seus nomes, novamente, na lista de músicas das novas gerações. Nesse ano, tivemos o aguardado retorno do Príncipe do Pop: Justin Timberlake, que tinha estacionado a carreira de cantor para se dedicar ao cinema. Beyoncé, que nunca dormiu no ponto quando o assunto é ganhar dinheiro, também aproveitou a falta de grandes nomes atuais para anunciar uma nova turnê, depois da recepção fria do álbum 4 e o nascimento do bebê. O retorno mais inesperado e midiático, entretanto, foi o anúncio de David Bowie, quase uma década depois de praticamente sumir dos holofotes. O Camaleão do Rock provou que ainda consegue dar uma aula para as novas gerações de músicos e fez o projeto que queria, no tempo que determinou.
No cinema, a situação
não é diferente: Hollywood e o público estão saudosos dos tempos dourados. A última cerimônia do Oscar mostrou o desespero da Academia em tentar premiar jovens talentos, como Jennifer Lawrence ou Anne Hathway, como se quisesse indicar "rostos novos" para serem idolatrados. O público, porém, não se convence mais só com um prêmio dourado: Hathway se tornou motivo de chacotas na internet por seu vestido e a fama cada vez maior de ser arrogante e antipática. Já Jennifer Lawrence pode representar bem o estilo "descolada", mas terminou sendo um dos assuntos mais comentados da noite ao cair na escadaria, quando ia receber seu troféu de melhor atriz.
Um comercial
recente de chocolates causou polêmica (como tudo hoje em dia), ao ser
protagonizado por uma Audrey Hepburn digital. A questão sobre “direitos de
imagem” ou “apropriação da memória” podem ser debatidas, mas, talvez, o
comercial só quisesse mostrar como Audrey era encantadora, delicada e elegante. Quem, atualmente, teria a mesma graciosidade da Bonequinha de
Luxo para comer um chocolate no ônibus e soar totalmente plausível? Acreditamos
que Audrey é incrível, talvez, por não sabermos como ela era no dia a dia, por
não termos fotos dela no Instagram, por não acompanharmos o twitter onde ela
descreveria seu cotidiano. Nossa imagem é apenas da mulher imaculada, a diva
que sai do seu castelo de sonhos e entrega para nós um pouco de encanto.
Por isso, não é estranho pensar que Gaga se inspire em Madonna, que grandes atrizes queiram interpretar ícones do passado, que se lotem as fotos e clipes com filtros do Instagram ou que o retorno de David Bowie seja encarado quase como um messias musical. O passado nunca pareceu tão atraente. O problema é que quando paramos para analisar,os grandes ídolos nunca foram infalíveis, nem tinham a pretensão de mudar o mundo... não podemos cobrar deles se nossa geração é fraca de conteúdo. Não será admirando o passado que manteremos a cultura pop viva.
Por isso, não é estranho pensar que Gaga se inspire em Madonna, que grandes atrizes queiram interpretar ícones do passado, que se lotem as fotos e clipes com filtros do Instagram ou que o retorno de David Bowie seja encarado quase como um messias musical. O passado nunca pareceu tão atraente. O problema é que quando paramos para analisar,os grandes ídolos nunca foram infalíveis, nem tinham a pretensão de mudar o mundo... não podemos cobrar deles se nossa geração é fraca de conteúdo. Não será admirando o passado que manteremos a cultura pop viva.
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