Lady Gaga é onipresente: ela está no rádio, na televisão, nos sites de notícias, no youtube... A cantora ficou tão famosa nos últimos anos que nem parece que antes de 2008 ela era praticamente uma desconhecida do grande público. Com Poker Face e Just Dance, a loira conquistou as paradas musicais e nunca mais saiu da mídia, emendando “escândalos” (como a famosa roupa de carne), figurinos bizarros e declarações polêmicas por onde passa. Com o cenário musical ávido por novidades e dominado por cantoras que não faziam nada de novo ou ousado, Gaga surgiu e já foi rotulada como a última revolução do pop, a única capaz de lançar tendência, gerar debate e ainda colocar suas músicas no topo do sucesso.
Depois do sucesso de The Fame Monster (que contou com o hit Bad Romance), Gaga teria a maior provação da carreira até agora: conseguir manter o sucesso e interesse dos fãs e da mídia com o segundo CD de inéditas de sua carreira. Mesmo com a pressão de alcançar os patamares anteriores, Gaga, como boa marketeira que é, não se intimidou e declarou que seu novo álbum seria o “melhor da década”, o “hino de uma geração”. Com o lançamento do aguardado Born This Way no final de maio, percebe-se que o novo trabalho, na verdade, é uma evolução de The Fame Monster, mas está longe de representar uma ruptura ou mesmo uma grande inovação no que a cantora já vinha produzindo.
Dessa forma, o CD aposta no caminho que Gaga já domina, com muitas músicas preparadas para agitar as baladas do mundo todo, com algumas misturas de ritmos e claras referências a outros artistas (é só lembrar da polêmica envolvendo Madonna e Express Yourself). Born This Way começa com muito folêgo, principalmente suas cinco primeiras músicas, mas que vai perdendo o gás depois da segunda metade, recheada com canções feitas sob medida para cumprir as exigências da gravadora e com pouco diferencial entre si, totalmente esquecíveis. Entre os destaques, estão Judas (que lembra muito a estrutura de Bad Romance), em que a cantora discute sobre amar a pessoa errada, Americano, em que Gaga evoca Gogol Bordello, Bloody Mary (a mais madônnica de todas as músicas de Gaga, tanto na letra quanto na melodia) e duas que prometem incendiar as pistas do mundo inteiro: Shibe (com passagens em alemão) e Goverment Hooker. O disco termina com a balada à Shania Twain, You and I e o próximo single da cantora, The Edge of Glory.
Um dos pontos favoráveis do CD é que podemos escutar melhor a voz da cantora, sem tantos efeitos quanto as canções da Kesha, Britney ou mesmo nas primeiras canções de Gaga em The Fame. No quesito letras, Born This Way acaba sendo bem mais pessoal que os outros trabalhos dela, debatendo sobre religião, amor e, principalmente, a necessidade da auto-aceitação, como proclama a faixa-título, que celebra a diversidade sexual. A cantora já declarou diversas vezes que nunca foi uma garota muito popular antes da fama e que sofria por não se encaixar nos padrões estéticos e comportamentais, essa é base de todo disco. Pode até soar um tanto clichê ou como auto-ajuda barata, mas mostra uma tentativa de Gaga em se expor e dialogar diretamente com os anseios de seus fãs, os "monstrinhos".
Diante de tantas expectativas e propagandas, Born This Way não cumpriu a revolução proclamada, mas também não compromete a carreira de Lady Gaga. Se por um lado, temos canções mais pessoais e que buscam trazer elementos de outros ritmos musicais, a sensação é que nenhuma música consegue superar Bad Romance ou Poker Face. Talvez, com mais tempo e sem tanta pressão da mídia e dos fãs, Gaga conseguiria criar um CD ainda mais pessoal e que pudesse, de fato, mostrar mais sobre a mulher que está por baixo do personagem e das roupas bizarras. Agora é esperar pela turnê (que pode passar pelo Brasil no ano que vem) e pelos clipes que a loira lançará.
Um comentário:
Você escreve muito bem sempre... mas quando você fala do mundo da música soa tão familiar. Uma delícia de ler. Adoro aprender com você baby!
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