Com o lançamento do CD duplo e do DVD da Rebel Heart Tour, os fãs brasileiros têm a oportunidade de assistir ao show que dessa vez não veio ao país e conferir essa ‘nova’ Madonna, que surge mais saudosista que nunca. Na décima turnê da carreira, a Material Girl deixa um pouco de lado as tecnologias e palcos que parecem Transformers que marcaram os últimos shows e aposta em truques de cena como figurinos deslumbrantes, uma trupe de dançarinos diversificados e um setlist recheado de clássicos oitentistas para levantar o público.
O clássico novo pop
O show segue o padrão que a loira estabeleceu com Blond Ambition e é seguido por 90% das produções atuais, com blocos temáticos separando músicas e conduzindo o espectador pela 'jornada' (como Madonna costuma se referir aos espetáculos) e criando os novos personagens da carreira. Assim, o show começa com Madonna enclausurada com mesmo vestido em que defendeu Sooner or Later na cerimonia do Oscar em 93, uma referencia direta a Marilyn Monroe, o ícone pop supremo do cinema que Madonna recriou tantas vezes ao longo da carreira. Fragilizada na jaula, Madonna contesta a imagem de ícone superficial, convocando os exércitos em Iconic e já emendando com Bitch I'm Madonna.
De forma geral, esse primeiro bloco resume alguma das lutas e polêmicas de Madonna, com o ponto alto em Holly Water, em que freiras sensuais fazem pole dance e uma pecaminosa recriação da Santa Ceia. Após esse começo frenético com a guerreira Madonna, o próximo bloco dá uma acalmada, com estética retrô e o encanto, decepção e superação de um relacionamento. True Blue, música composta para Sean Pean, é resgatada em uma emocionante versão acústica, assim como Like a Virgin é repaginada com Madonna dançando, rolando e rebolando pelo palco... impossível qualquer fã não ficar com um sorriso no rosto de associar esse momento com The Virgin Tour de 85.
Depois de uma passada pela fase Erotica com uma sensual performance de S.E.X, Madonna surge com a longa capa, executando com maestria a performance de toureira de Living For Love que levou a cantora ao chão no palco do EMA em 2015. O drama das touradas é só a porta de entrada para o colorido universo latino, que Madonna sempre visitou em clipes e turnês ao longo da carreira e aqui serve de plano de fundo para os hits La Isla Bonita, Dress to Up e Into the Groove, finalizando com Rebel Heart reforçando várias imagens icônicas da loira. Impossível não sentir falta de pelo menos uma das performances acústicas que Madonna fez ao longo da turnê nesse bloco, como Who's That Gilr, Secret, Don't tell Me, entre outras, que deixaria o bloco ainda mais emocionante.
Já na reta final, Illuminatti é um interlúdios mais incríveis dos shows de Madonna, com dançarinos se equilibrando em uma interessante coreografia. O brilho dos anos 20 é reforçado por Madonna cantando Music em preto e branco, em um clima de cabaré decadente. Até Material Girl, hit que a cantora já revelou não mais se identificar, surge fazendo referência direta ao clipe com ares de art déco, com Madonna se livrando dos pretendentes até terminar vestida de noiva, em uma clara associação com sua fase oitentista. Para fechar essa 'jornada', depois de uma versão acústica de La Vie en Rose, Madonna faz a festa com convidados VIPS em Unapologetic Bitch e termina voando toda sorridente em Holiday, hit que já encerrou vários shows.
Edição pesada tira parte da emoção
Funcionando quase como uma turnê de celebração e recapitulação da carreira, a Rebel Heart exibe uma faceta mais vulnerável e acessível de Madonna, sem tantos efeitos de palco e mais interessada em se conectar com o público. É uma pena, portanto, que parte dessa emoção saudosista seja prejudicada nesse registro oficial pela edição que ora tira trechos das apresentações, ora coloca tanta informação em tela que fica difícil de acompanhar a cena. Nessa, até a edição de áudio tira praticamente toda a emoção dos fãs para deixar a base mais alta que a própria voz da Madonna: basta ver qualquer vídeo no youtube gravado por fãs para sentir a diferença. Um pouco mais de apreço na edição teria evitado essa impressão de distanciamento.
Em entrevista para divulgação desse material, Madonna comentou que planeja futuras turnês mais intimistas, já que acredita que levou as superproduções ao limite ao longo da carreira e agora deseja explorar novos formatos, mais próximo dos fãs e sem tanto apelo tecnológico. Se for realmente um novo posicionamento da cantora, agora que também está beirando os 60 anos, Rebel Heart entrará em sua história com a primeira olhada nostálgica ao passado, sem naftalina, um espetáculo capaz de agradar tanto quem cresceu vendo a noiva de Like a Virgin quanto quem descobriu a cantora dançando Bitch I'm Madonna no youtube, uma comprovação de que no palco ela ainda é a Rainha do Pop.
Em entrevista para divulgação desse material, Madonna comentou que planeja futuras turnês mais intimistas, já que acredita que levou as superproduções ao limite ao longo da carreira e agora deseja explorar novos formatos, mais próximo dos fãs e sem tanto apelo tecnológico. Se for realmente um novo posicionamento da cantora, agora que também está beirando os 60 anos, Rebel Heart entrará em sua história com a primeira olhada nostálgica ao passado, sem naftalina, um espetáculo capaz de agradar tanto quem cresceu vendo a noiva de Like a Virgin quanto quem descobriu a cantora dançando Bitch I'm Madonna no youtube, uma comprovação de que no palco ela ainda é a Rainha do Pop.