30 de junho de 2010

Comentário - Bionic de Christina Aguilera

No acirrado cenário da música pop, sempre em busca de novidades e polêmicas, Christina Aguilera teve que lutar duro para mostrar seu talento. No começo da carreira ela era diretamente comparada a colega Britney Spears, que sempre foi mais popular, apesar de não ser a melhor nem mais talentosa das cantoras. Atualmente, depois de mais de 10 anos de carreira, Aguilera é alvo de novas comparações, desta vez com a performática Lady Gaga.
A cantora de sucessos como Fighter e Beautiful, não lançava um disco de inéditas desde de Back to Basics (lançado em 2006), cd que utilizava sonoridade do jazz e do soul, inspirado na década de 30. As primeira informações deste novo projeto, Bionic (ou Bi-on-ic), revelava uma estética futurística e uma sonoridade mais atual e dançante. O problema é que Lady Gaga surgiu como um furacão nesses últimos anos, utilizando exatamente uma estética futurística aliada com uma sonoridade dançante. Quando Bionic foi divulgado, as comparações foram inevitáveis, principalmente depois do lançamento do clipe de Not Myself Tonight.

O cd apresenta uma boa produção e atenção aos detalhes, característica dos álbuns da cantora, como o belo encarte. Bionic está, de certa forma, dividido em duas partes: uma mais “dançante”, que soa sem muita energia ou inovações (excessão de Bionic e Elastic Love), e as baladinhas românticas, área em que a cantora destaca-se. Neste cd, quando tenta soar moderna e popular, Christina perde seu diferencial, soando como qualquer música da Jovem Pan. Desta maneira, Lift Me Up, You Lost Me (próximo single) e All I Need são os melhores momentos do cd, nos quais Aguilera pode explorar com maior liberdade sua poderosa voz. Aguilera, que sempre chamou atenção pela voz potente, prova que continua cantando muito melhor que grande parte das cantoras pops da atualidade (incluindo a onipresente Lady Gaga).

Bionic era comemorado como o retorno de Aguilera aos holofotes, entrentanto, já está sendo considerado um fracasso comercial. O primeiro single, Not Myself Tonight não emplacou nas paradas de sucesso, nem depois do videoclipe que mostrava a cantora em poses sensuais e cenas de bissexualidade. O CD também não foi um estrondo de vendas, quebrando o recorde do CD que mais caiu nas vendas no Reino Unido, depois de estreiar em primeiro lugar. Espera-se que as novas músicas de divulgação funcionem e alavanquem as vendas.

A sensação que fica é que se tivesse sido lançado no ano passado, Bionic teria causado maior impacto. Apesar da boa produção, talento, boas músicas e uma bela voz, Aguilera terá que continuar a lutar para conquistar seu espaço definitivo no cenário pop e acabar com uma vez por todas com as comparações.

28 de junho de 2010

Ensaio Fotográfico/ Indaiatuba

Indaiatuba é uma cidade situada na região de Campinas, próxima ao aeroporto de Viracopos. Reconhecida pelo alto IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a cidade ganhou espaço na mídia pela qualidade de vida. Com a esperança de melhores oportunidades, a cidade recebeu nas últimas décadas cerca de cem mil pessoas vindas, principalmente,  de grandes centros urbanos.

A ideia deste ensaio era apresentar minha visão de Indaiatuba, revelar suas características mais marcantes e algumas curiosidades. Busquei mostrar a economia, o turismo, o modo de vida e a preocupação com o meio ambiente.

Visualize o ensaio completo no link

22 de junho de 2010

Do Luxo ao Lixo - Parte II (Ações do Estado)

O Brasil é um país de extremos: enquanto alguns compram casas, roupas e carros caríssimos, outros vivem em situações sub-humanas.

É função do governo oferecer melhorias para os trabalhadores (como leis trabalhistas e determinação do salário mínimo) e gerar maiores investimentos e empregos e, conseqüentemente, melhorar a situação econômica do país. É função do Estado oferecer condições básicas de vida aos cidadãos, como transporte, infra-estrutura, saúde e educação. De certa maneira, esses investimentos em infra-estrutura funcionam como uma distribuição de renda, uma vez que favorecem a grande parte da população.

O crescimento econômico é outro fator que deve ser levado em conta no caso da desigualdade social. "É preciso ter crescimento econômico para reduzir esses problemas. Mas só crescimento econômico não basta. É preciso crescer com igualdade e inclusão social para melhorar as condições de vida da população" afirmou Marcio Pochmann a Folha de São Paulo.

O QUE PODE SER FEITO?

Definir uma solução definitiva para a desigualdade social parece algo muito difícil já que nunca conseguimos atingir uma sociedade totalmente igualitária (nem mesmo as tentativas socialistas atingiram plenamente esse objetivo), mas algumas coisas podem ser feitas para que o capitalismo possa fica mais “humanizado” e igualitário.

Ações sociais como o Bolsa Família representam uma relativa melhoria na condição de vida da população, porém, não resolvem a causa do problema e funcionam como medidas paliativas. Enquanto não forem oferecidas oportunidades de estudo e emprego aos brasileiros, dificilmente essa situação será revertida.

Apesar das adversidades, o sonho de enriquecer (tão freqüente no capitalismo) está presente em grande parte das pessoas. Acompanhamos casos de pessoas que saem da total pobreza e tornam-se grandes personalidades, estes casos se tornam exemplos e mostram que no capitalismo existem meios de se mudar de situação. Quantos meninos sonham em trilhar uma carreira de jogador de futebol para ter a fama e dinheiro de seus ídolos, e as milhares de meninas que sacrificam seus estudos por uma chance de ser a nova top-model brasileira.

No capitalismo vale tudo para poder comprar aquela bolsa Chanel de meio milhão de reais.

Bibliografia:
- SINGER, P. Aprender economia. Ed Contexto (2002).
- SCHMIDT Mario. Nova Historia Critica. Ed Nova Geração (2002).
- Jornais: Estado de São Paulo e Folha de São Paulo

17 de junho de 2010

Do Luxo ao Lixo - Parte I (Causas da Pobreza)

A bolsa mais cara do mundo é da marca francesa Chanel e custa o equivalente a R$500.000,00. O preço absurdo desse acessório de moda só tem esse valor porque algumas pessoas estão dispostas a pagá-lo. No sistema capitalista, o consumo é uma forma de diferenciação entre as classes sociais: quem possui mais poder de consumir tem maior prestígio social. Uma bolsa de uma loja popular tem a mesma função que uma bolsa da famosa (e caríssima) marca Louis Vuintton, porém, um artigo de luxo mostra status, posição e distingue o consumidor do restante da população. No capitalismo não basta ser rico, deve-se deixar evidente a sua posição.
                                                    
 Qual a diferença das bolsas? A marca LV           
Longe desse mercado de luxo tão restrito, estão 43 milhões de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha da pobreza. Esses brasileiros estão do nosso lado, principalmente nas grandes cidades: nos sinais de trânsitos é comum encontrar crianças pedindo dinheiro, mendigos pelas ruas e vendedores ambulantes. Nos grandes centros, os sofisticados condomínios de luxo e dividem o espaço urbano com favelas e bairros sem infra-estrutura.

AS CAUSAS DA POBREZA:

A divisão social entre ricos e pobres existe desde os primórdios da humanidade. Ao longo da História, as classes dominantes exploraram as classes menos favorecidas. Na Idade Média, os senhores de terra exploravam os servos dentro de suas grandes extensões de terras. Com o passar do tempo, o dinheiro passou a ter tanto valor quanto a propriedade de terra e o poder começou a ser exercido pela classe burguesa. Após a Revolução Industrial Inglesa no final do século XVIII, o capitalismo estabeleceu-se como modelo de sociedade predominante e separou os trabalhadores salariados (proletários) dos donos da produção (burgueses).

De maneira geral, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento apresentam uma renda mais concentrada, já que geralmente tiveram colonização com base na agricultura e centralização das terras. Outro fator importante é que cada país reagiu à industrialização e a distribuição de renda de uma maneira própria. Dessa forma, fica difícil estabelecer um parâmetro ideal, já que cada país tem suas bases históricas e cultural.

Para explicar as causas da desigualdade social, diversos estudiosos formularam teorias, como Thomas Malthus, para quem a culpa da pobreza era dos próprios pobres, já que as pessoas de baixa renda tinham uma grande quantidade de filhos. Portanto, o crescimento no número de pessoas era muito superior do que a produção de alimentos.Para Malthus, até a distribuição de renda seria prejudicial, já que os ricos eram os patrocinadores das evoluções tecnológicas e culturais

Para os neoclássicos “todos os indivíduos são produtores de produção”. As pessoas vendem seus serviços por um preço para empresários e donos de terras. Para eles, cada pessoa adquire um valor, dependendo de sua escolaridade, sexo (mulheres geralmente ganham menos) e o lugar onde vivem. É como se os trabalhadores fossem um carro, no qual o preço vai aumentando de acordo com os “benefícios” que ele possui. Do ponto de vista neoclássico, a riqueza seria conseqüência direta do esforço pessoal e aproveitamento das oportunidades. A pobreza, por sua vez, seria fruto da falta de trabalho e a falta de planejamento no uso do dinheiro.

Já os marxistas vêem o capitalismo como ilógico e cruel, já que a desigualdade social é necessária para manter o sistema. A burguesia (dona dos meios de produção) mantém seus lucros através de gerações e exploram seus operários. Para os marxistas, os burgueses mantêm seu poder porque têm possibilidades de estudo, melhores condições de vidas e de trabalho, enquanto o proletariado dificilmente terá oportunidades de melhorar de vida. O socialismo foi uma corrente ideológica muito influente, porém, com declínio dos governos socialistas em todo mundo, as teorias socialistas perderam o impacto e destaque que possuíam há décadas atrás.

2 de junho de 2010

Agualusa nos faz viajar pela África

José Eduardo Agualusa, autor angolano que já viveu no Brasil e em Portugal, se preocupa com a expansão da literatura africana, principalmente entre os países de língua portuguesa. Em seu livro As Mulheres do Meu Pai, lançado em 2007, é nítida a tentativa de estabelecer um diálogo com o Brasil e Portugal, mas sem esquecer as raízes e a temática africana da obra.

No livro, Laurentina após a morte da mãe, descobre que foi adotada e que, na realidade, é a filha do popular músico angolano Faustino Manso. Acompanhada pelo namorado Mandume, português que renega suas origens africanas, a jovem quer conhecer seu pai e sua família em Angola. Logo que chega ao aeroporto, Laurentina é informada da morte de Faustino e decide ir até ao velório e encontrar com seus parentes. Ao aceitar a proposta de seu primo Bartolomeu, de filmar um documentário sobre a vida de Faustino, acompanhando os lugares em que viveu e as mulheres que amou, Laurentina vai, ao longo da viagem, descobrir mais sobre seu pai e sobre si mesma.

Com uma estrutura basicamente de um “road movie”, na qual as principais passagens ocorrem durante uma viagem, a narrativa principal do livro é contada pelos três protagonistas: Mandume, Laurentina e Bartolomeu. Desta forma, acompanha-se como cada personagem reage e o que sente durante as filmagens do documentário, principalmente quando um triangulo amoroso se forma entre eles.

A trama “recortada”, com uma grande quantidade de personagens e locais, é uma das maiores dificuldades do livro, que em alguns pontos pode até se tornar confuso para o leitor. Além disso, o livro não apresenta os fatos em uma ordem totalmente cronológica, radicalizando este conceito de narrativa “fragmentada/recortada”, na qual diferentes eventos vão formando um quebra-cabeça, em que o leitor deverá juntar algumas peças. Outro fator que ajuda nesta sensação de fragmentação é que diversos gêneros literários surgem ao longo do livro, dessa forma, temos cartas, entrevistas (representando os trechos do documentário), fragmentos de jornais e as próprias anotações dos protagonistas.

A questão da diferença entre o que é ser negro e o que é ser branco permeia por toda trama, especialmente quando se trata de Mandume, o negro que quer ser branco, que tem verdadeira aversão pela África e seus costumes. Além disso, Agualusa constantemente introduz situações em que a questão racial é debatida, principalmente na África do Sul. Além disso, os personagens fogem do típico maniqueísmo, tornando-se figuras complexas, com dilemas bem trabalhados ao longo de toda trama: Laurentina busca sua identidade, Mandume questiona suas origens e Bartolomeu vai descobrir as dificuldades de um relacionamento.

Com uma linguagem simples e repleta de comparações, o autor revela um pouco de sua visão de mundo, principalmente nas questões sociais e raciais. Agualusa, mesmo quando aborda as dificuldades sociais africanas, faz uma descrição tão apaixonada e apaixonante da África e de seus personagens, que dá vontade de conhecer aquele continente, ao mesmo tempo diferente e incrivelmente próximo da realidade brasileira. As Mulheres do Meu Pai é caso em que conteúdo abordado e a forma utilizada mostram-se em sintonia e revelam-se igualmente interessantes e bem trabalhados. Na busca pela afirmação e divulgação da literatura africana, Agualusa acabou criando uma história universal sobre a importância das origens na construção da própria identidade.